quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Caminhada

Hoje faltou a luz aqui em casa (e arredores) durante um grande período de tempo. Eu, pelos vistos, também só funciono quando ligada à corrente (salvo seja) e, por isso, nem refleti que o facto de não ter luz ia complicar-me mais a vida do que ficar sem PC. Só quando cheguei à garagem é que se deu o clique (infelizmente só em mim e não no sistema geral). O portão da garagem, automático, uma das grandes invenções do Homem moderno (a seguir aos talões sem preço) não funcionava. Os minutos a correrem rápido, rápido, no mostrador do telemóvel e a minha princesa mais pequenina a terminar as aulas. Subi as escadas, na expectativa de encontrar algum vizinho que soubesse como funciona aquela coisa, no caso de não haver eletricidade. Pois subi até ao 5º andar, mas o vizinho disse que também não sabia e que, sempre que se tentava mexer, dava asneira. Telefonei a um vizinho da minha mãe, na esperança de saber se ele não estaria, por acaso, nas imediações da escola, para ir buscar a filha dele. Ele não atendeu. A minha princesa mais pequenina, de certeza, já fora da escola, à minha espera, a mais velha e a colega, a terminarem as aulas. Não vou de modas, desato a correr rua fora. O fôlego não aguenta muito, páro dali a um bocadinho, metade do caminho galgado. O relógio, decididamente, não é meu amigo. Mães já de volta, com os filhos a tiracolo, eu ainda a caminhar, a caminhar. Chego ao cimo da rua, vejo a filhota mais nova, chamo, mas ela não me ouve, a minha voz está fraquinha. Tenho quase que chegar mesmo ao pé dela. Subimos a rua enquanto eu lhe explico, por entre a respiração ofegante, que estamos a pedantes. Subimos a rua, filhota mais velha do outro lado com a colega. Chamo, chamo, mas não me ouvem, a voz continua fraquinha. Valem os pulmões da mais nova que se fazem ouvir no Porto. Elas vêm em nossa direção, sem perceber a história. A mais nova faz as gentilezas e explica. Continuamos as quatro a caminhar, sem protestos (valha-me isso).
Enquanto caminho recordo-me de tantas e tantas vezes ter trilhado exactamente o mesmo percurso, fizesse sol ou chuva. Recordo o bom que eram esses momentos, esses intervalos em que, com a escola para trás e a casa pela frente, falávamos de tudo e de nada, riamos por tudo e por nada e tudo era partilhado com os amigos, em especial com a S., que fazia comigo, sempre, esse mesmo percurso. O tempo de caminhada passou num instante e o caminho também. Como há dezenas de anos atrás.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Surpresas

Eu não gosto muito de ser surpreendida, porque acho sempre que os outros têm uma expectativa relativamente à surpresa que cai por terra quando eu abro a boca. O meu marido, por exemplo, dava-me prendas - de Natal e de aniversário - que achava que eu ia gostar. E eu nunca gostava assim muito. E ia quase sempre trocar. Daí eu ter-lhe pedido que, sempre que me quisesse dar uma prenda, era só dizer, que eu mesma escolheria o que queria. Eu sei, eu sei, que isto tira o brilho todo à coisa, mas ele uma vez deu-me uma camisola que gostou e que eu nem tanto, apesar de a ter usado um bom par de vezes. Mas é chato estarmos a dizer que gostamos muito de uma coisa, quando, na realidade, não gostamos (os talões sem preço para troca foram, na minha modesta opinião, a melhor invenção dos últimos tempos). Bom, o meu mais-que-tudo nunca gostou muito desta alternativa de ser eu a escolher e então trocou a oferta de peças de vestuário por peças da pandora o que, na verdade, foi uma excelente opção, porque gosto de quase tudo. Mas voltando às surpresas, às prendas e ao marido, tenho a dizer que o meu marido é mesmo muito persistente. Apesar de todas as experiências negativas pelas quais tem passado neste campo das surpresas, insiste e insiste. Na passada sexta-feira surpreendeu-me mesmo. É que para que a surpresa seja mesmo boa, não basta nós não estarmos à espera. É preciso também que gostemos do que nos é oferecido. Convenhamos que é uma combinação difícil de alcançar. Às vezes não estamos à espera de um presente e somos surpreendidos pelo mesmo mas, quando o abrimos, desejavamos que aquele momento nunca tivesse acontecido; outras vezes, estamos à espera de um presente (portanto, não somos surpreendidos relativamente à chegada do mesmo) mas conseguimos ser surpreendidos por aquilo que nos foi dado; outras vezes, como aconteceu na sexta, não estava à espera (recebi um presente inesperado) e uma coisa que gostava mesmo muito, apesar de não ter dito a ninguém. Recebi dois bilhetinhos para o concerto dos Trovante. Ou seja, não estava à espera do presente, recebi uma coisa que gostava mesmo muito e, ainda por cima, vou ter direito a uma das melhores companhias da minha vida que sei que vai fazer um sacrificio, porque ele não gosta particularmente dos Trovante! Admiro, maridão, a tua persistência! Sou uma sortuda!

domingo, 9 de outubro de 2011

Feliz ano novo!

Dez anos é muito tempo ou é pouco? A filhota mais nova completou dez anos de vida e, se Deus quiser, vai completar muitas e muitas dezenas deles, muitos, espero, na nossa companhia e muitos outros sem nós. Já caminhou muito e vai caminhar muito mais... cresce ao seu ritmo e enche-nos os dias de aventuras! Sabe ser carinhosa como ninguém, despassarada no que não lhe diz muito mas super atenta naquilo que lhe diz tudo! Brincar, brincar é ainda a palavra de ordem; é menina da ponta dos pés às pontas do cabelo e gosta de tudo o que existe neste universo: vernizes, batons, perfumes, pulseiras, laçarotes, roupa nova, tudo, tudo. Lambareira até mais não, gosta do lado doce da vida (quem não gosta?)O mundo perfeito? Cheio de bonecos e brinquedos, com família e amigos por todo o lado e com chupa-chupas, rebuçados e chocolates a crescer sob nuvens de natas do céu.
Nunca percas essa vontade de brincar e cerca-te sempre de pessoas que te amem e te respeitem. Estás certa, cresce ao teu ritmo, nunca ao ritmo que te impõem. Mantém essa facilidade em fazer amizades, em criar laços. Mas aprende a desapertá-los quando for necessário. Sê feliz!