quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia dos avós

A 159 dias do final do ano.

Hoje é Dia dos Avós. Eu não conheci os meus avós maternos e apenas me lembro bem do meu avó paterno. Da minha avó paterna não tenho a certeza se me lembro. Recordo-a deitada numa cama, mas não me lembro do rosto, só da situação, de alguma tristeza envolvida nesta cena, de um quarto sem muita luz... mas não sei se realmente aconteceu.

Do meu avô paterno lembro-me bem, já era adulta quando ele partiu. Era um homem com uma figura austera, estranhava quando chegávamos os lábios perto da sua face para um beijo. Estendia sempre a mão primeiro, mas nós insistíamos no beijo. Tinha o cabelinho lindo, todo branquinho, branquinho. Às vezes nós íamos visitá-lo, outras vezes vinha ele aqui a Ovar. Vinha de comboio e mal chegava a nossa casa, sacava do relógio de bolso e via as horas. Não se queria atrasar, porque os comboios não esperam por ninguém. Lembro-me de me ter ido comprar rebuçados à mercearia e como eu amei aquele curto passeio! De mão dada com o meu avô, rua fora, ele tão lindo e imponente, apetecia-me gritar: é o meu avô!

Lembro-me que, uma vez, numa dessas visitas, apanhou boleia de uma vizinha. Que susto! Uma mulher ao volante, a conduzir um carro! Meu Deus, que loucura! Ele foi sempre muito colado à cadeira e mal o carro abrandou, pernas para que te quero!

A minha tia Rosinha não era minha avó, era minha tia, mas fazia as vezes de uma avó. Era muito querida e bastava eu abrir a boca para fazer os paparicos todos. Estragava-me com mimos, com cuidados. Um beijo muito grande para todos os avós, os que conheci e os que não conheci, e um beijo para a minha tia Rosinha, que se comportava como as avós se comportam.

As minhas filhas têm muita sorte. Têm os quatro avós sempre presentes. E lindos, lindos de morrer. Cada um com o seu feitio, mas todos amáveis e carinhosos, prestáveis e preocupados. Hoje, as minhas filhas, não sabem a sorte que têm, mas um dia vão saber que estes tempos são mesmo muito felizes. Este tempo em que todos marcam presença em todas as festas, com saúde e cara alegre. E onde há sempre vozes a defender todas as asneiras, todos os disparates: "são crianças, deixa-as lá"!

Obrigada aos avós das minhas filhas por marcarem a infância e adolescência delas. Vocês são lindos e, parafraseando um apresentador de televisão, "sem vocês isto não era a mesma coisa".

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Medo

A 169 dias do final do ano.

Não gosto de conduzir. Automóveis, entenda-se bem. Em outras matérias, gosto de conduzir: conversas, alguns trabalhos... mas de conduzir um carro não gosto. Aqui no burgo, não tenho problemas, mas ir para mais longe dá-me logo suores, insónias, é um pânico. Na semana passada tive que ir todos os dias a Aveiro. Maridão ensinou caminho e, portanto, aparentemente, estava tudo em ordem. Mas não é que a via entrou em obras? Pois eu mal vi aquela sinalética toda comecei a hiperventilar. E agora? Por onde é que eu vou? Felizmente que deu sempre para sair no mesmo sítio, apesar dos desvios. Mas por que é que isto me põe doente? Já fiz milhares de quilómetros, à conta de trabalhar no "Norte Desportivo", mas a situação era sempre a mesma. Fico mais em pânico quando circulo em A-qualquer-coisa. Não se pode parar, não se pode fazer inversão de marcha, enganas-te na saída e estás tramado. Não há um senhor Manuel ou uma senhora Maria a quem perguntar como se vai para Rilhafoles de Baixo, não há uma berma que te permita pôr a cabeça no lugar, enfim, um caos.

Já me disseram que uma regressão podia descobrir de onde vem esta angústia. Mas já me disseram também que a regressão só pode, eventualmente, descobrir, não pode tratar. Ou seja, eu fico a saber que não gosto de conduzir porque numa vida anterior matei o gato da vizinha, mas o medo continua lá.

É uma coisa completamente irracional, nunca bati em nada nem em ninguém (minto, a parede do lugar de garagem já sofreu alguns encontrões mas isso é porque ela se encolhe). Já me bateram no carro, mas não aconteceu nada de dramático, foi só chapa e já bateram num carro onde eu ia, mas também foi mais o susto que outra coisa qualquer. E este medo é anterior a todas estas experiências. Como se soluciona? Alguém sabe?