domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sem Carnaval à porta

A 317 dias do final do ano.

Já não me lembro quando foi a primeira vez que vi o Carnaval da minha varanda, mas lembro-me bem quando foi a última: no ano passado. O meu apartamento, como muitos outros, estava, até ao ano passado, dentro do percurso do corso carnavalesco de domingo e terça-feira.
Desconheço as razões que levaram a organização a retirar o corso carnavalesco desta rua. Recuso-me a aceitar o motivo que me chegou aos ouvidos: "havia muitos aniversários aqui, nesta altura do ano", dando a entender que esta seria a descupa que muitos usariam para entrar sem pagar dentro do recinto.
As pessoas que já tinham sido privadas deste luxo (porque há muito que o Carnaval já tinha sido retirado do centro da cidade) acham muito bem. "Se nós não podemos ver o carnaval de nossas casas, é bem feita que eles (os que moram na minha rua) também não possam!" Nobre sentimento, este. Se não há para mim, fico contente que não haja para mais ninguém. Não lucro nada com isto, mas fico contente.
Fico triste por não poder ver o carnaval da minha varanda. Era um privilégio, cuja retirada me custa a aceitar.
Mas há vantagens: deixei de ter aqui em casa, neste dia, amigos de Peniche, que só nos procuravam nesta altura do ano, arrebatados por umas inusitadas saudades. Deixei de ter estranhos em minha casa, que vinham com o amigo do amigo, amigo este de quem eu própria pouco sabia. Deixei de ficar com peso na consciência, porque tinha convidado A e não tinha convidado B e se calhar o B ficava chateado porque viu o A na minha varanda... tudo isso acabou.
Acabaram-se os carnavais, em todos os sentidos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Minha estrela!

A 323 dias do final do ano.

Há 13 anos atrás, não sabia o que era o amor incondicional. Sim, já amava muitas pessoas, e achava que sentia por elas um amor incondicional, mas estava enganada. E quando tu nasceste, meu amor, aí sim, senti algo que ultrapassa as palavras, que transborda o coração, que duplica as alegrias e que duplica também as tristezas e angústias. Tu ali, tão pequenininha, tão dependente de mim... eu apontava tudo no papel, medo, muito medo de falhar em alguma quantidade, em algum cuidado, em algum horário... foste crescendo, linda, muito vivaça, inteligente, a alma de uma casa, de uma família. Transformaste-nos a todos, passamos a girar à tua volta... e quando foste para a pré-escola? Ai que aperto! O que estarias a sentir, o que estarias a fazer... tive que ligar a meio da manhã, não suportava tão longa ausência, doía muito, muito. Hoje estás uma mulherzinha, mais adulta que muitos adultos. És um ser extraordinário, tens um sentido de humor próprio de quem é inteligente, és um verdadeiro encanto. Obrigada por seres como és, tão especial. Posso pedir para seres sempre assim?