quarta-feira, 26 de junho de 2013
Já passou um ano
Há um ano atrás, a minha manhã acordou diferente, com a notícia de que o Sr. Mendes Pinto tinha partido. Um médico já me tinha prevenido que a doença não estava para brincadeiras, que a sua percepção lhe dizia que a doença ia levar a melhor. Mas terminava sempre com a mesma frase: ó Nelinha, mas há milagres! E a Nelinha acreditou que o Sr. Mendes, uma pessoa tão cheia de fé, podia muito bem ser palco para um milagre. Não foi. A fragilidade da vida, mais uma vez, posta ali a nu. O Sr. Mendes Pinto ainda tinha projetos para concretizar. Tinha ideias e coisas para fazer. E, num repente, pára tudo. Foi tudo tão rápido que, às vezes, ainda me custa a acreditar que já não está entre nós. O facebook diz-me que ainda está por aqui. Este mesmo blog tem a fotografia dele, mesmo ao lado desta mensagem e, por isso, às vezes ainda me pergunto se ele partiu ou não. A nossa relação foi esfriando, ao longo dos anos, mas nunca poderei esquecer o seu entusiasmo, a sua disponibilidade e a força com que defendia as suas ideias, contrabalançada pela abertura que tinha em ouvir as ideias dos outros. Marcou muito a minha juventude, fez-me sentir que, quando há vontade, tudo é possível, fez-me sentir, em muitos momentos, uma pessoa importante e especial. Por tudo isto, estarei sempre grata. Por tudo isto, nunca o esquecerei. Até sempre!
terça-feira, 11 de junho de 2013
Antes e depois
Há 14 anos atrás, a minha vida mudou radicalmente. Foi mais ou menos por esta altura que soube da tua partida. Ficou tudo sem sentido, foi um golpe, um "roubo" como alguém, numa ocasião, disse e muito bem. Foi mesmo um roubo. Duro. Há 14 anos atrás, logo depois do almoço, saí, rumo ao Porto, para comprar o vestido de batizado para a Leonor. Não encontrei nada que gostasse e acabei por comprar um, que já tinha debaixo de olho, em Oliveira de Azeméis. Passámos por onde tudo aconteceu, vimos um carro que julgávamos ser igual ao teu (mas nunca o teu) e as pessoas, ainda por ali. Viemos para casa e jantámos. Uma visita inesperada dos meus pais e o choro do Abel apertou o meu coração. E não foram precisas grandes palavras, só ficou a dor, uma dor imensa, dilacerante, desproporcional às minhas forças. Não percebi. Não percebi mesmo nada. Fui para a casa onde moravas, na esperança de que alguém me dissesse que tudo não passava de um mal entendido. Mas a luz (era diferente, a luz da fachada, estava triste, sem brilho), a presença de tanta gente a entrar e a sair anunciou que não havia nenhum mal entendido. Ou, melhor, concentravam-se ali, naquele lugar, naquele momento, todos os mal entendidos do mundo. Há uma vida até ali e uma vida depois. Para ti e para nós, que sentimos a tua falta. Acredito que, hoje, tu és um ser de Luz, diferente também do que eras, até àquele dia. E nós - os três que aqui ficámos, sabes bem a quem me refiro - somos um corpo mutilado que aprendeu a viver assim, mutilado. Bem sabes que não te esqueço, converso tanto contigo (não perdi o vício, as conversas continuam intermináveis)! Ouço as tuas risadas, tão genuinas, tão frequentes! Já consigo falar de ti sem chorar, estou uma mulherzinha! (Sim, ouço agora as tuas risadas). Beijo grande, amigo.
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