quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Natal é isto


Este ano, e pela primeira vez desde que casei, passei o Natal em casa. Já tinha passado o Natal em casa dos sogros, em casa dos pais e em casa da minha irmã. Em minha casa, nunca. Por motivos vários, este ano calhou assim! E foi bem bom! Comidinha e bebidinha na mesa, os doces de Natal feitos pela mana, tudo bem disposto, lareirinha acesa (coisa que já não acontecia há muuuito tempo), enfim, um Natal em cheio! Nestas alturas - como em tantas outras - sinto-me mesmo uma abençoada.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cuidados com o cabelo

Pois eu não tenho nenhuns. Devia ter, porque o meu cabelo é muito seco e agora, com as pinturas, ainda mais seco fica. O que me dava mesmo jeito era que quando a G.P. passasse por aqui me desse as dicas dela para ficar, eu e a minha mais velha, com uns cabelos bonitos e saudáveis. Uma vez falaste do Dark and Lovely, no teu blog. Onde é que encontro isso à venda? E não pões só isso, pois não? Vá lá, partilha comigo os teus segredos. Lavas com shampô para cabelos secos? E depois, pões amaciador para cabelos secos? E depois, pões máscara? E depois, é o Dark and Lovely - styling mist e depois a espuma?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando foi a última vez que fizeste uma coisa pela primeira vez?

Já falei por diversas vezes desta pergunta, feita pelo Rafael Polónia, que me inquietou durante vários dias. Isto porque, no imediato, não me conseguia lembrar de nada. Pois hoje foi a última vez que fiz uma coisa pela primeira vez. Depois de centenas e centenas de entrevistas feitas ao longo de muitos anos, emocionei-me a fazer uma. A pessoa a falar e as lágrimas a cairem cara abaixo. Um cenário muito lindo, Maria Manuela. Mas não me consegui conter. Emociono-me sempre que vejo uma pessoa sair da sua zona de conforto para ir estender a mão a outros. Sem esperar nada. Com coragem e determinação. Com esperança, se calhar com certezas. Quando for grande, quero ser assim.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Perdidos e achados

A minha filha mais nova perdeu uma camisola na escola. Disse-lhe para perguntar às auxiliares se não a tinham encontrado e ela disse que tinha perguntado e que lhe disseram que não. Já estava eu, portanto, desenganadinha de todo, quando uma senhora, que tem o neto a estudar na mesma escola, me aconselhou a ir eu perguntar. Bem mandadinha, lá fui. Minha gente, fiquei de boca aberta com a quantidade de roupa que lá havia, alguma ainda do ano passado! Parecia o mercado, ao sábado! Camisolas a dar com um pau, agasalhos, kispos, enfim, de tudo um pouco. No meio daquela autêntica feira improvisada, lá encontrei a camisola perdida. Por isso, deixo aqui um aviso: Pais de Portugal! Não se contentem com a resposta dos vossos educandos. Desloquem-se às escolas e procurem os artigos perdidos. Não vai ser precisa muita sorte para os encontrarem, garanto.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Boicote

Os pais são os primeiros a boicotar todo o processo educativo. Desde a famosa frase: "ai dele (professor) que te ponha a mão! Vou lá que o desfaço!" até ao "quem é que ele (professor) pensa que é?", tudo tem lugar no reino da indignação. É claro que, ao ouvir frases tão poderosas como estas, os alunos sentem-se os reis da selva, sentem as costas quentes e sentem que podem fazer tudo o que lhes apetece que os pais, enfurecidos, lhes salvarão sempre a pele. As generalizações são sempre perigosas mas diria que é raro, hoje em dia, um professor abusar da sua autoridade, até porque tem problemas se o fizer. Quando um professor, levado ao extremo, toma uma atitude de força, cai o Carmo e a Trindade, o paizinho e a mãezinha (que nunca antes apareceram na escola), aparecem, se for preciso com a restante família, para honrar o compromisso feito ao filho: "ai dele (professor) que te ponha a mão!" É o pão nosso das nossas escolas: alunos mal educados, mal comportados que refletem (no geral e as generalizações são sempre perigosas) a má educação e o mau comportamento que existe em casa.
Mas o que eu li hoje, para mim, foi novidade. Um aluno do 5º ano, com 10 anos, mandava mensagens via telemóvel, à sua mãe, com as perguntas do teste de português e a sua mãe mandava-lhe, pela mesma via, as respostas. Enternecedor! A minha pergunta é esta: será que a mamã passou no teste? É que, se formos a ver, às tantas o puto tirava melhor nota se fosse só ele a fazê-lo. Não sei, é só um pressentimento.

domingo, 6 de novembro de 2011

Mais diferenças

E no primeiro espetáculo fiquei no pontapé-nas-costas e neste fiquei num camarote! Upa, upa! É a troika! E mais uma coisa boa que me esqueci de dizer: já não ouvia algumas canções há bastante tempo, mas ainda sabia as letras de cor! Um bom domingo para todos!

sábado, 5 de novembro de 2011

Trovante


Ontem fui ver Trovante, no Coliseu do Porto. Foi um espetáculo simplesmente arrebatador! Quando os vi ao vivo, pela primeira vez, também no Coliseu do Porto, tinha 14 anos de idade (capicua!). Há 27 anos estava em pulgas para ver o cantor mais giro do planeta, pelo menos do meu planeta. O espetáculo começou (na minha cabeça recordo-o assim, não sei se a realidade lhe faz jus), com a mítica "Saudade", palco e sala ainda às escuras, só a voz a preencher todo o espaço. Loucura! Luís Represas vestia uma t-shirt às riscas largas amarelas e brancas (será que sim?), enfim, as canções eram tão importantes como as músicas e como o cantor (eram 14 anos, o que querem?) Foi a primeira vez que ouvi "Ser poeta", na voz de Luís Represas e fiquei alucinada, pois tinha estudado, na escola, esse poema e adorei-o, tendo passado a gostar muito também de Florbela Espanca. Ora um dos meus poemas preferidos de sempre, na voz mais maravilhosa de sempre era mesmo um presente dos anjos para mim! Ontem o espetáculo não abriu com "Saudade", vi um Luís muito mais maduro (eu também) mais gordito (eu também), mais e melhor artista (e eu mais e melhor espetadora), enfim, crescemos juntos!
Não pude deixar de pensar neste espaço de tempo... 27 anos... é muito ou pouco tempo? Neste espaço de tempo, acabei o 12º ano, tirei um curso profissional, um curso superior, arranjei emprego e mudei, e mudei, e mudei, e mudei, namorei, casei, tive duas filhas maravilhosas, compramos um apartamento, vendemos o apartamento, compramos outro apartamento, compramos carro, trocamos de carro, e trocamos, e trocamos, fomos padrinhos de casamento, de batismo, arranjamos novos amigos, perdemos outros, partiu o meu melhor amigo (que falta que fazes, João), enfim! 27 anos é, de facto, muito tempo. Mas ontem, por quase duas horas, esqueci-me do tempo, do que passou e do que há de vir, usufruí daquele presente (e que presente! obrigada maridão!) e foi um momento mágico.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aviso

Pessoal giro! Agora vendo Cristian Lay, para que o pessoal giro fique ainda mais giro. Portanto, se algum de vocês quiser oferecer, a si mesmo ou a alguém um presente, façam o favor de falar primeiro comigo. A marca tem desde bijutaria a prata e ouro, bem como relógios, algumas peças de roupa, botas, sapatos, ténis, malas, pijamas, lingerie, artigos de cosmética, enfim, muita e muita coisa e, acima de tudo, muito gira! Há preços para todas as bolsas e se não houver bolsas, também podem escolher uma! Um autêntico centro comercial na vossa própria casa!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Caminhada

Hoje faltou a luz aqui em casa (e arredores) durante um grande período de tempo. Eu, pelos vistos, também só funciono quando ligada à corrente (salvo seja) e, por isso, nem refleti que o facto de não ter luz ia complicar-me mais a vida do que ficar sem PC. Só quando cheguei à garagem é que se deu o clique (infelizmente só em mim e não no sistema geral). O portão da garagem, automático, uma das grandes invenções do Homem moderno (a seguir aos talões sem preço) não funcionava. Os minutos a correrem rápido, rápido, no mostrador do telemóvel e a minha princesa mais pequenina a terminar as aulas. Subi as escadas, na expectativa de encontrar algum vizinho que soubesse como funciona aquela coisa, no caso de não haver eletricidade. Pois subi até ao 5º andar, mas o vizinho disse que também não sabia e que, sempre que se tentava mexer, dava asneira. Telefonei a um vizinho da minha mãe, na esperança de saber se ele não estaria, por acaso, nas imediações da escola, para ir buscar a filha dele. Ele não atendeu. A minha princesa mais pequenina, de certeza, já fora da escola, à minha espera, a mais velha e a colega, a terminarem as aulas. Não vou de modas, desato a correr rua fora. O fôlego não aguenta muito, páro dali a um bocadinho, metade do caminho galgado. O relógio, decididamente, não é meu amigo. Mães já de volta, com os filhos a tiracolo, eu ainda a caminhar, a caminhar. Chego ao cimo da rua, vejo a filhota mais nova, chamo, mas ela não me ouve, a minha voz está fraquinha. Tenho quase que chegar mesmo ao pé dela. Subimos a rua enquanto eu lhe explico, por entre a respiração ofegante, que estamos a pedantes. Subimos a rua, filhota mais velha do outro lado com a colega. Chamo, chamo, mas não me ouvem, a voz continua fraquinha. Valem os pulmões da mais nova que se fazem ouvir no Porto. Elas vêm em nossa direção, sem perceber a história. A mais nova faz as gentilezas e explica. Continuamos as quatro a caminhar, sem protestos (valha-me isso).
Enquanto caminho recordo-me de tantas e tantas vezes ter trilhado exactamente o mesmo percurso, fizesse sol ou chuva. Recordo o bom que eram esses momentos, esses intervalos em que, com a escola para trás e a casa pela frente, falávamos de tudo e de nada, riamos por tudo e por nada e tudo era partilhado com os amigos, em especial com a S., que fazia comigo, sempre, esse mesmo percurso. O tempo de caminhada passou num instante e o caminho também. Como há dezenas de anos atrás.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Surpresas

Eu não gosto muito de ser surpreendida, porque acho sempre que os outros têm uma expectativa relativamente à surpresa que cai por terra quando eu abro a boca. O meu marido, por exemplo, dava-me prendas - de Natal e de aniversário - que achava que eu ia gostar. E eu nunca gostava assim muito. E ia quase sempre trocar. Daí eu ter-lhe pedido que, sempre que me quisesse dar uma prenda, era só dizer, que eu mesma escolheria o que queria. Eu sei, eu sei, que isto tira o brilho todo à coisa, mas ele uma vez deu-me uma camisola que gostou e que eu nem tanto, apesar de a ter usado um bom par de vezes. Mas é chato estarmos a dizer que gostamos muito de uma coisa, quando, na realidade, não gostamos (os talões sem preço para troca foram, na minha modesta opinião, a melhor invenção dos últimos tempos). Bom, o meu mais-que-tudo nunca gostou muito desta alternativa de ser eu a escolher e então trocou a oferta de peças de vestuário por peças da pandora o que, na verdade, foi uma excelente opção, porque gosto de quase tudo. Mas voltando às surpresas, às prendas e ao marido, tenho a dizer que o meu marido é mesmo muito persistente. Apesar de todas as experiências negativas pelas quais tem passado neste campo das surpresas, insiste e insiste. Na passada sexta-feira surpreendeu-me mesmo. É que para que a surpresa seja mesmo boa, não basta nós não estarmos à espera. É preciso também que gostemos do que nos é oferecido. Convenhamos que é uma combinação difícil de alcançar. Às vezes não estamos à espera de um presente e somos surpreendidos pelo mesmo mas, quando o abrimos, desejavamos que aquele momento nunca tivesse acontecido; outras vezes, estamos à espera de um presente (portanto, não somos surpreendidos relativamente à chegada do mesmo) mas conseguimos ser surpreendidos por aquilo que nos foi dado; outras vezes, como aconteceu na sexta, não estava à espera (recebi um presente inesperado) e uma coisa que gostava mesmo muito, apesar de não ter dito a ninguém. Recebi dois bilhetinhos para o concerto dos Trovante. Ou seja, não estava à espera do presente, recebi uma coisa que gostava mesmo muito e, ainda por cima, vou ter direito a uma das melhores companhias da minha vida que sei que vai fazer um sacrificio, porque ele não gosta particularmente dos Trovante! Admiro, maridão, a tua persistência! Sou uma sortuda!

domingo, 9 de outubro de 2011

Feliz ano novo!

Dez anos é muito tempo ou é pouco? A filhota mais nova completou dez anos de vida e, se Deus quiser, vai completar muitas e muitas dezenas deles, muitos, espero, na nossa companhia e muitos outros sem nós. Já caminhou muito e vai caminhar muito mais... cresce ao seu ritmo e enche-nos os dias de aventuras! Sabe ser carinhosa como ninguém, despassarada no que não lhe diz muito mas super atenta naquilo que lhe diz tudo! Brincar, brincar é ainda a palavra de ordem; é menina da ponta dos pés às pontas do cabelo e gosta de tudo o que existe neste universo: vernizes, batons, perfumes, pulseiras, laçarotes, roupa nova, tudo, tudo. Lambareira até mais não, gosta do lado doce da vida (quem não gosta?)O mundo perfeito? Cheio de bonecos e brinquedos, com família e amigos por todo o lado e com chupa-chupas, rebuçados e chocolates a crescer sob nuvens de natas do céu.
Nunca percas essa vontade de brincar e cerca-te sempre de pessoas que te amem e te respeitem. Estás certa, cresce ao teu ritmo, nunca ao ritmo que te impõem. Mantém essa facilidade em fazer amizades, em criar laços. Mas aprende a desapertá-los quando for necessário. Sê feliz!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mau, Maria

Hoje apetece-me ter pena de mim. Parte desta postura resulta de uma noite que terminou cedo de mais, com um pesadelo que não interessa nada para o caso. Acordei eram 5h40 e não voltei a pregar olho. Por isso é legítimo que me sinta miserável. Mas eu sei, no meu íntimo - que é aquela coisa que está sempre a matraquear e que nós só não ouvimos quando estamos muito ocupados - que não é só isso. Este banho-Maria, em que a minha vida profissional se encontra há muitos anos, é que me está a incomodar. Tenho uma vida familiar de sonho mas uma vida profissional quase reduzida a pó. Quando me perguntavam, em pequena, o que queria ser quando fosse grande, tinha sempre resposta pronta e queria ser muita coisa, desde professora a merceeira. Não fui nem uma coisa nem outra por causa de uma nota excelente que tirei à disciplina de jornalismo, talvez no 10º ou 11º ano. Iludi-me com aquilo, achei que chegava gostar muito de escrever e lá fui eu tirar o curso. Fiz o curso seguidinho, comecei logo a trabalhar na área e assim foi durante muitos anos. Entretanto correram-me do último jornal onde trabalhei, vim para casa, tiraram-me a carteira profissional por incompatibilidade com as minhas novas funções e vivo, de há dez anos a esta parte, de trabalhos que faço em part-time. A nível financeiro, não há um ano igual ao outro, já tive anos bons e outros que meteram dó, mas este tempo de crise não está a facilitar as coias e dou por mim a perguntar-me, agora que já sou grande, o que é que quero ser. E o mal é perguntarmos uma vez, não é? Depois a pergunta não sai da cabeça. Principalmente quando não sei que resposta lhe hei de dar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Que medo!

Este ano letivo está a começar de uma maneira estranha. Este é o décimo ano que assisto ao início de anos letivos. E nunca nenhum outro foi tão tranquilo. Não houve nenhum drama por não se comprarem mochilas novas, é o primeiro ano em que as meninas não têm ainda os livros e não estão histéricas por isso(pus-me com acrobacias das poupanças e foi no que deu), as reuniões com os diretores de turma foram espetaculares, fomos hoje comprar algum material nas calmas, sem gritaria nem pedidos disto e daquilo (puxei da lista e elas, simplesmente, seguiram-na sempre com a máxima atenção aos preços. Incrível, não?)
Estou a adorar. Acho que já todos mereciamos um inicio de ano letivo assim.

domingo, 11 de setembro de 2011

Tristeza

A escola é, tendencialmente, o emprego de maior duração que temos na vida. Mesmo a correr mal, durante 12 anos temos a garantia de que não há despedimentos nem rescisões, ou seja, sabemos o que nos vai acontecer no ano seguinte. Quantos de nós é que nos podemos gabar dessa estabilidade? A correr muito bem, podemos passar lá mais anos, contando com o tempo da pré-escola e com as retenções que, fruto da crise, também têm limites. E este ponto é engraçado. Segundo ouvi dizer, o aluno, durante o seu percurso escolar e mesmo que seja um calhau com dois olhos não pode ser retido mais do que três vezes. Tudo tem limites e as dificuldades de aprendizagem não são exceção. Repetir anos está bem, mas não é assim à toa!
Analisemos agora as palavras. Hoje nenhum aluno reprova. Fica retido, o que é bem diferente. Ficar retido dá a ideia de que havia uma vontade que não foi concretizada por causa de terceiros. “Querida, vou chegar tarde a casa, estou retido no trânsito”, ou seja, o desgraçado queria muito chegar a horas do jantar mas, por causa das outras pessoas que decidiram circular à mesma hora que ele, não consegue avançar mais depressa.
E, de facto, não vale a pena avançar muito depressa. Um aluno medíocre tem, sobre si, todos os holofotes. Há planos de recuperação, testes e mais testes de recuperação, presta-se atenção ao seu meio sócio-cultural, esmiúça-se a sua vida para encontrar justificações para tamanhas dificuldades e, à falta de melhor, passa-se a criança mesmo tendo a consciência de que ele não sabe nada. Os números falam mais alto e um professor que reprove muitos alunos está lixado. Um conselho de uma amiga: se tiver uma turma de nabos esqueça a tarefa de ensinar e aplique-se em manobras que os mantenha entretidos. O entretenimento faz parte da vida e é tão útil como o teorema de Pitágoras ou ainda mais. Nunca seja exigente numa turma de nabos e tente todos os meios possíveis e imaginários de lhes dar positiva (fazer-lhes os testes está incluído).
Os tempos são de contenção e também aqui tem que ser contido. Numa turma de alunos medíocres, há de haver sempre alguns que não são tão medíocres assim, seja observador! Eleve de imediato esses à positiva e incentive os outros a escreverem corretamente o seu nome. É um passo e, se calhar, o mais importante. Vão ter que o escrever vezes sem conta durante a sua vida. Se fizerem essa conquista, porque não devem passar em frente? A beleza da letra não interessa nada e pode até nem ser perceptível. O verdadeiro artista é aquele que cria.
Se tiver pela frente alunos medianos, não os aborreça nem os esprema em demasia, porque pode dar asneira. Sinta-se abençoado, precisa deles como do pão para a boca. Não vá a pormenores que não interessam nada para o caso, como o bom comportamento. Já não é alegria bastante serem medianos? Atente que é menos uma dor de cabeça na hora de dar notas. Estes alunos têm que ser levados com paninhos quentes, são uma bênção, há que garantir que não resvalam para a mediocridade.
Se encontrar bons alunos não vale a pena ligar-lhes nenhuma e despreze-os até. Quem é que eles pensam que são, a responder bem a tudo e a tirarem sempre boas notas? Pensam que são Deus, é? E não fique com peso na consciência porque se olhar em redor, ninguém lhes reconhece o mérito, a excelência. É verdade que algumas escolas dão-se ao trabalho de lhes atribuir um diploma mas repare que este é sempre entregue sem pompa nem circunstância, assim meio à socapa como que a deixar um recado implícito: “vê lá, ó espertinho, se baixas a crista e se começas a tirar notas mais baixas”. É que no fim de contas, o aluno que tira três a tudo é igual ao aluno que tira cinco a tudo. Passou, está passado. Um e outro. Tristeza.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Outros tempos

Hoje não pude deixar de pensar em como deve ser triste ser criança nos dias que correm. Quando eu tinha a idade das minhas filhas, nunca ficava um dia inteiro em casa, nas férias, como elas ficam. E tinha sempre amigos para brincar. Havia sempre outras crianças na rua, a propor brincadeiras. Estávamos muito menos expostos a adultos, o que genericamente, é uma coisa boa. Aprendíamos rapidamente quem eram os lideres e quem eram os mais fracos. Éramos criativos, tínhamos muito menos brinquedos e, por isso, inventávamos muito mais. Víamos crianças que tinham mais coisas do que nós e sabíamos gerir isso. Não adiantava vir para casa dizer que o vizinho tinha uma televisão a cores e que nós também queríamos uma, porque ninguém nos ligava três tostões. Aprendíamos, portanto, a gerir a frustração e, no dia seguinte, já nem nos lembrávamos disso. Chegávamos cansados, ao final da tarde, de tanta brincadeira. Ficávamos arranhados, magoados, às vezes também por dentro, mas aprendíamos que tudo isso faz parte da vida.
As minhas filhas não brincam na rua, nem sabem inventar brincadeiras. Raramente vão à rua fazer recados. Não têm arranhões das silvas, não aparecem sujas antes do jantar, as unhas estão imaculadas e não acham graça a nada. Sabem as falas todas dos filmes e dos desenhos animados, ao invés de saberem as regras da macaca ou do elástico. Não batem à porta das outras crianças das redondezas para virem brincar com elas. Para falar a verdade, e exceção feita ao nosso prédio, nem sabem que crianças é que moram aqui na rua. Este tempo tem, sem dúvida, muitas coisas boas mas eu não trocava o meu tempo de criança por qualquer outro de qualquer outra altura.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Loucura

Hoje, num acesso de loucura, dispensei a televisão. Disse às minhas princesas que era televisão a mais, que tinham que fazer outras coisas. Desnorte absoluto. Caos. Sugeri que uma lesse um livro e dei à outra problemas para solucionar. Em menos de nada, cumprem as tarefas. Pânico. São 15h00. Sugiro passeio, levo duas negas. Decidimos fazer pouco mais que nada, mas verifico que isto as cansa mais do que correr uma maratona. Estão aborrecidas. Falamos de férias passadas e futuras. A mais nova brinca com a bonecada e traz cangalhada toda para o hall de entrada. A mais velha continua a falar de férias futuras. O relógio está contra mi, não avança. Finalmente, hora do lanche. Dura pouco. A mais nova dá-me para as mãos uma boneca para pentear. O cabelo dela parece um ninho, nem sabia que era possível o cabelo de uma boneca chegar a tão mau estado. A mais velha continua com o tema férias futuras. Estou exausta dos braços, de tanto pentear. Para aliviar o trabalho, a mais nova vai buscar o pianinho e toca, toca, toca sem parar. A mais velha continua a falar das férias futuras. Atendo uma chamada mas em casa nada muda. Chega a hora de fazer o jantar e dos banhos. Amanhã juro que volto a contratar a televisão.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

À espera

Já sei quando começa o ano letivo da mais nova, mas ainda não sei qual será o seu horário. Da mais velha estou na mais completa ignorância, pois apesar de já me terem dito que o ano vai começar a 12, ainda não sabiam dizer se ia haver alguma apresentação anterior a esta data. É claro que também ainda não sei o seu horário. Vamos lá ver se entre hoje e amanhã há novidades. Senão, também se espera mais um bocadinho. Afinal, o dia 12 ainda vem longe e até lá, nasce e morre muita gente!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Évora e Campo Maior


Fui a Évora e Campo Maior no passado fim de semana. Em Évora estivemos pouco tempo mas muito confortavelmente instalados no Évora Hotel (que recomendo). A comida é excelente e tem uma piscina interior que fez maravilhas no final dos dias de passeio! Em Évora tivemos a oportunidade de visitar duas exposições patentes na Fundação Eugénio Almeida: uma de Andy Warhol (e Pietro Psaier) e outra de Nadir Afonso. A grande surpresa foi que pudemos participar no ateliê sobre a obra de Andy Warhol e adorámos! A visita guiada ajudou-nos a perceber melhor este extravagente artista considerado o pai da pop art. Vimos o templo de Diana, a Praça do Giraldo e pouco mais. Em Campo Maior fomos ver a Festa do Povo e foi um espetáculo único! São toneladas de papel usado para enfeitar cerca de uma centena de ruas e o efeito visual é lindo, lindo! Gostei mesmo muito e convido todos a estarem atentos para saber quando serão as próximas festas... é que estas não têm periodicidade certa, realizam-se quando o povo quer...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como nova (ou quase)

Se tivesse muito dinheiro, provavelmente ia de férias durante muito tempo e não me dedicava a estas coisas. Assim, há que preencher o tempo e então decidi, novamente, fazer mudanças cá em casa. Tá tudo a ficar lindo, muito lindo. Facilita imenso eu gostar da forma da minha casa. É quase um quadradinho. Já vivi em duas casas retangulares e numa em forma de U. Esta, por ser quadrada, revela-se quase toda desde a entrada, o que a transforma numa casa sem segredos! Já troquei de quarto com a mais nova e acho que assim está melhor. O quarto dela ficou muito giro e comprei uns móveis de arrumação no Ikea que deram quase para arrumar os brinquedos todos. E ela tem mantido o espaço arrumado, o que é uma alegria para mim! Sim, tenho um bocadinho a mania das limpezas e arrumações. Não gosto de ter uma casa com objetos por todos os cantos e esquinas. Cada coisa no seu lugar: a minha casa de sonho. O quarto de casal está a ficar o máximo, só faltam os cortinados. A cozinha levou uma barrela ontem, com as minhas princesas a ajudar. Hoje vou limpar a sala muito bem limpinha e depois falta só o quarto da mais velha. Se tivesse muito dinheiro, andava a passear. Assim, ando nas arrumações há 24 dias... e não é que me sinto feliz?

Gaivota na ria


Não é uma grande sugestão, até porque quando a maré está baixa, o cenário fica deprimente, mas de qualquer forma fica aqui o registo. Um passeio de gaivota pela ria, com um lanchinho na esplanada do Vela Areínho. Cada meia hora custa 3 Euros, numa gaivota para duas pessoas.

sábado, 20 de agosto de 2011

Boa vida

Passados 16 anos a viver no mesmo sítio, eis que descobri, finalmente, as potencialidades da minha varanda. Para além de servir de amparo ao estendal que lá coloco com frequência e de excelente camarote para ver o Carnaval de Ovar, descobri outras duas vocações. Ontem pus lá uns tapetes e disse à minha filha mais nova que podia ir para lá brincar. Nem imaginam a alegria que foi! Hoje pus lá uma mesinha, quatro cadeiras e jantamos lá, à luz da vela. Para tudo isto contei, claro está, com o compadrio do S. Pedro. É que quando ele está de mau humor, nem vale a pena tentar estas habilidades! Mas ontem e hoje deu, aproveitámos e estou feliz por isso!

Vendo, à melhor oferta





quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Piscina Foz do Cávado (Esposende)

Ingredientes para 4 pessoas:
Fato de banho
Touca
Chinelos
Toalha de banho
Roupa para mudar
Artigos de higiene (para tomar banho depois da piscina)
23 Euros + dinheiro para o almoço

Aqui está uma boa opção, principalmente para um Verão como este, tão irregular nas suas temperaturas atmosféricas. Se estiver bom tempo, pode usufruir da piscina exterior, de água salgada, com um espaço para crianças e outro para adultos. Mas se o tempo estiver a fazer caretas, não há problema! A piscina interior de água aquecida confere-lhe a mesma diversão ou, se calhar, mais ainda! É que esta piscina tem, de hora a hora, cinco minutos de ondas, para gáudio de miúdos e graúdos. Uma campainha avisa que as ondas estão a chegar e, portanto, se não gostar desta diversão ou se tiver crianças pequenas, pode sair atempadamente da piscina. O ponto máximo tem 1,80 m e há vários locais onde as crianças mais pequenas podem estar em segurança. Para além de tudo isto, há ainda um tanque de hidromassagem, para momentos de relaxamento. Muito bom mesmo! Um bar de apoio às duas piscinas, que serve refeições ligeiras, permite que não seja necessário sair do local e assim perde-se menos tempo. Aconselho vivamente.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Oficina do Doce e passeio de barco



Ingredientes para 4 pessoas:
Chapéu ou boné
Protetor solar
23 euros no bolso (gasóleo e portagens não incluídas)
Cerca de 2 horas
Máquina fotográfica

É preciso marcar a visita à Oficina do Doce, por isso, fica aqui o número de telefone: 234 098 840. Na entrada, pode fazer-se logo a reserva para o passeio de barco, ficando tudo por 23 Euros (Oficina e passeio, para os quatro).
No início, é mostrado um vídeo onde se conta a história dos ovos moles. Na mesma sala estão expostos vários utensílios que servem para a confeção deste doce conventual. Mas a melhor parte está para vir! É que os visitantes interessados podem experimentar rechear as hóstias com os ovos moles e assim ter um contacto muito direto com este doce. Nesse entretanto, vão sendo dadas explicações acerca da conservação do doce, e outras particularidades. Muito bom mesmo!
De seguida, o passeio de barco. O embarque é feito mesmo em frente à Oficina, por isso não é necessário mudar o estacionamento do carro, fica tudo pertinho. O circuito demora 45 minutos e passa pelos canais urbanos de Aveiro. O tempo não estava muito convidativo, foram necessários casacos mas, mesmo assim, foi agradável.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mudanças

É verdade que eu já não mudo de casa há 16 anos. Não mudo de casa mas mudo a casa. Quebra a monotonia e dá ares de que tenho sempre espaços novos. Estou nessa fase, há um ano que não havia mudanças e um ano é muito tempo! Vamos trocar de quarto com a mais nova. Ficam elas com mais privacidade e nós também. O problema é que a mobilia dela pesa chumbo! Ontem esvaziamos o meu quarto e do dela só falta o guarda fatos. Se para levar o restante fizemos aqui um exercício danado, para mudar o guarda fatos vamos precisar de uma grua! Quem é que teve a triste ideia de mandar fazer uma mobilia assim?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Frecha da Mizarela e Pedras Parideiras (Arouca)




Ingredientes para 4 pessoas:
Roupa e calçado confortável
Chapéu ou boné
Protetor solar
Dinheiro para lanche
Cerca de 3 horas
Máquina fotográfica

Para quem só tem uma tarde livre e quer fazer algo de diferente, este passeio é ideal. O percurso não é o mais agradável, porque tem que se subir até ao cimo da serra, por uma estrada em boas condições, mas com curvas e contra-curvas. Mas chegados lá cima, a paisagem é soberba. Junto ao lugar da Castanheira pode observar-se uma queda de água, com mais de 60 metros de altura, uma das mais altas da Europa. Continuando pela mesma estrada, fomos à procura das Pedras Parideiras, fenómeno geológico único em Portugal e raro no mundo inteiro. Chamam-se assim, porque há pedras que brotam de uma rocha-mãe. Engraçada, também, a tradição aliada a este fenómeno natural. As Pedras Parideiras simbolizam a fertilidade na tradição ancestral da região e acredita-se que dormir com uma pedra parideira debaixo da almofada aumenta a fertilidade.
Em todo este percurso, o tempo corre devagar, o mundo, como o conhecemos, parece que deixou de existir. É o silêncio e a paisagem que invadem todo o espaço que fica ao alcance da nossa vista. Não precisamos de voltar para trás, podemos continuar nesta estrada. Depois de tanta caminhada, paramos no centro de Vale de Cambra para um lanche muito agradável, numa esplanada.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Festival de Jardins e Gil Eannes




Ingredientes para 4 pessoas:
Roupa e calçado confortável
Chapéu ou boné
Protetor solar
80 euros no bolso (gasóleo e portagens não incluídas)
Cerca de 6 horas
Máquina fotográfica

A primeira paragem foi para almoço, já em Ponte de Lima. O Picadeiro, pela qualidade e quantidade, é o nosso restaurante de eleição, há vários anos. Não é propriamente barato, mas não é uma exorbitância e come-se realmente muito bem, com vista para um picadeiro coberto onde, com sorte, se podem ver os cavalos.
Seguimos, depois, para o 7º Festival Internacional de Jardins, certame que seguimos com atenção desde que dele tivemos conhecimento. Este ano o tema foi “A Floresta no Jardim”. Apreciamos cada jardim exposto, tiramos muitas fotografias e ainda estivemos algum tempo à sombra, a usufruir daquele sossego. Um local a visitar, sem dúvida alguma.
Depois fomos até Viana do Castelo, onde lanchamos. Retemperadas as forças, fomos visitar o Gil Eannes, Navio Hospital construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, em 1955, tendo como missão apoiar a frota bacalhoeira portuguesa nos mares da Terra Nova e Gronelândia. Foi uma visita muito interessante mesmo, onde é possível ver (e em alguns até entrar) vários compartimentos como os quartos, a cozinha, a padaria, a barbearia e toda a parte ligada à saúde, como a sala de operações, o laboratório e muitos outros.
No final, um simulador de navegação coloca-nos ao leme do Gil Eannes por breves momentos e faz-nos sentir como seria difícil comandar um barco com aquela envergadura.
Com uns bolinhos chamados manjericos e umas frigideiras na bagagem, regressamos a casa, depois de um dia muito bem passado!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quinta de Santo Inácio (Avintes)

Ingredientes para 4 pessoas:
Roupa confortável
Sapatilhas
Chapéu ou boné
Protetor solar
100 euros no bolso (gasóleo e portagens não incluídas)
Cerca de 6 horas

Depois de estacionar o automóvel em local próprio para o efeito, parar para visitar a casa de férias da família holandesa Van Zeller, que vivia no Porto e se dedicou exatamente ao comércio do vinho do Porto. Uma guia ajuda-nos a perceber como seria a vida, em tempo de férias, de uma família abastada do século XVIII. Muito, muito interessante. (Os adultos pagam 2,50 Euros, as crianças 1,25 Euros).
De seguida, entrar no parque (9 Euros por adulto. As crianças com cartão Rik e Rok não pagam. Se não tiverem este cartão e se for uma família de dois adultos e duas crianças, fica mais barato o bilhete familiar, que são 25 Euros). Mesmo à entrada, tiram-nos uma foto em família e fotos individuais, com uma ave ao ombro (foto familiar custa 8 Euros, foto individual 6 Euros).
Se chegarem perto da hora do almoço, é uma boa opção almoçar no restaurante self-service. A comida é boa e o espaço exterior, quando está bom tempo, é mesmo muito agradável. Quanto a custos, o nosso almoço custou 45 Euros, preço que pode variar, claro está, consoante o que se comer. Mas os pratos são muito bem servidos, atenção para não pedir comida a mais! Para quem quiser levar farnel de casa, há um espaço grande para merendar, com mesas, bancos, cacifos, parque infantil e casas-de-banho. O espaço é em terra batida, daí ser aconselhável levar calçado desportivo.
Retemperadas as forças, é tempo de usufruir! Aproveite para visitar os jardins da Casa Museu que são muito bonitos e um ótimo refúgio para quando está calor.
Depois, há toda a espécie de animais para observar demoradamente e há ainda demonstrações de aves e répteis. O tratador explica com graça e ao pormenor as características de cada animal e, por isso, é obrigatório assistir a estas demonstrações. Agora há também uma novidade que é a alimentação dos pinguins! Quando está calor, sabe mesmo bem parar no bar e saborear um gelado ou uma bebida fresca.
No Verão, o Parque está aberto das 10h00 até às 19h30, sendo que a última entrada é às 18h00. No Inverno, o horário de abertura é o mesmo, mas a última entrada é às 16h00 (encerra às 17h00). Já lá fui uma série de vezes, mas é sempre um local excelente para passar um dia em família.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Olá!

Como não aparece por aqui muita gente (digamos que a pessoa que mais aparece sou eu mesma) a minha ausência não é grave. Mas agora vou voltar à escrita. Se este blog fosse anónimo, outro galo cantaria. Podia escrever tudo o que me vai na alma. Assim não, tenho que pensar um bocadinho, para tentar não ferir suscetibilidades. E fica complicado encontrar um equlibrio entre o que queria escrever e a porcaria das suscetibilidades. Depois há ainda o problema da confidencialidade. Dois dos últimos trabalhos que fiz estão sujeitos a esta história da confidencialidade. Ora escrever, com observância da confidencialidade e da suscetibilidade, é mais complicado ainda. É como andar por entre os pingos da chuva. A boa vontade é muita mas, a certa altura, é impossivel mantermo-nos secos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Egoista

Eu sei que é ser egoista até dizer basta, mas o que eu queria mesmo é que hoje já fosse a próxima segunda feira.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Visita de estudo

"Dá-me 5 euros, envio-te um postal dos Açores", é a mais recente campanha de angariação de fundos para a visita do 6º C da Escola António Dias Simões aos Açores. Os interessados só têm que fazer o depósito para ‎0032 0369 0020 7633 7170 6 e enviarem, de seguida, para o meu email (manuelamorgado@oniduo.pt), um comprovativo do depósito e o nome e morada para onde deve ser enviado o postal. Em nome dos meninos, o meu agradecimento!

Primeira vez

Quando o Rafael Polónia fez esta pergunta: "quando foi a última vez que fizeste uma coisa pela primeira vez?", fiquei desconcertada. Já não me lembrava! E posso dizer que fiquei a matutar nisto. Pois desde o princípio do ano que já fiz pelo menos duas coisas pela primeira vez. Colaborei (pela primeira e, de certo, pela última vez) com a operação Censos 2011 e ontem estive, pela primeira vez, numa mesa de voto!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Crónica número 12

Aborrecem-me as pessoas que fazem asneira atrás da asneira mas que se acham uns eternos coitadinhos. Fazem tudo para se meter em encrencas, problemas, conflitos mas depois acham que a vida é uma madrasta, que são umas vítimas da sociedade, que ninguém lhes dá uma segunda, terceira ou décima oportunidade. No olhar atento desta gente, mereciam sempre uma oportunidade adicional, porque toda a gente erra. E eles têm uma desculpa: só erram porque os outros os levam a errar, motivados por uma ira que nunca conseguem explicar, porque eles nunca fizeram, pelo menos deliberadamente, alguma coisa de mal. Se o fizeram (o que lhes custa muito a admitir), é porque houve alguém, que os levou a esse comportamento. Porque das suas entranhas só saem pensamentos sãos, amor, felicidade, compaixão e coisas lindas. Até as palavras que saem das suas bocas são lindas. Fazem tudo para merecer a pena dos outros, levam os mais desprevenidos às lágrimas, com a sua sucessão de histórias de perseguições maléficas que transformam as suas vidas num inferno.
Mas mais do que os coitadinhos – que me aborrecem bastante – aborrecem-me também as pessoas que os alimentam. Não no sentido real da palavra, se bem que alimentá-los com um papo muito seco talvez fosse uma boa ideia para os calar de vez em quando. Mas, neste caso, falo que quem lhes alimenta este chorrilho de desgraças, como quem deita achas para uma fogueira. Esses irritam-me ainda mais. Se estes não existissem, os primeiros secavam, ficavam a falar para si e, mais tarde ou mais cedo, tinham que se fazer à vida.
Sim, porque, aqui para nós, não é coitadinho quem quer. É coitadinho quem pode. Eu, de vez em quando, também me acho e até me chego a sentir mesmo uma coitadinha. Só que como ninguém me dá crédito nenhum, ala de levantar o sim senhor da cadeira e ir à vida, que já se faz tarde. Outros dão-se ao luxo de ir apenas acrescentando desgraças em cima de desgraças, num novelo maior que uma telenovela mexicana. E, tal como acontece com estas, também na vida real há muitos espectadores e, pior ainda, admiradores deste modo de vida.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Crónica número 11

Não preciso de muito para me sentir feliz. Ouvir uma música que já não ouvia há muito tempo; ouvir as minhas filhas a rirem-se; esfolhar álbuns de fotografias; ouvir alguém a contar histórias que me englobam também; estar com a família e com os amigos; ouvir boas notícias; experimentar coisas novas; ler livros; beber um galão e comer um pão com manteiga. Estar feliz, para mim, é estar nas nuvens e usufruir desse momento, sem pensar em mais nada. Sou feliz em vários momentos durante um dia e isso é, de facto, uma bênção, principalmente quando olho para o lado e vejo tudo tão descontente.
Li algures que devemos olhar mais para o que temos e menos para o que nos falta. E fico feliz quando reparo que o que tenho é tudo aquilo que não se pode comprar! Uns pais maravilhosos, uns irmãos excepcionais, um marido cinco estrelas, umas filhas encantadoras, saudáveis e lindas (sim, tiram-me do sério vezes sem conta, mas não sou nada sem elas), afilhados maravilhosos, uns sogros do melhor, uns cunhados e cunhadas que muito estimo, uns sobrinhos adoráveis, já para não falar da família mais alargada de primos e primas, tios e tias e todas essas pessoas com quem convivo com menos frequência mas a quem sei que podia recorrer sem hesitações. Para além deste rol, tenho ainda os amigos, a tal família que se escolhe e que eu soube, um dia, escolher a dedo (e ainda não fechei a lista, estou sempre à espera de mais!). Alguns conheço há décadas, outros são mais recentes, outros vieram atrelados aos amigos e tornaram-se amigos também. Uns são mais positivos, outros mais cinzentos, outros mais disponíveis, outros mais divertidos. Todas estas pessoas constituem, para mim, um património de valor incalculável, pessoal e intransmissível. Sou feliz quando penso nisto.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mais uma dose

Afinal a ressaca não foi longa, pois tive mais uma dose de trabalho. Uma semana muito agitada mas também muito bem passada. Agora é tempo de voltar à rotina e a rotina inclui, também, escrever aqui com mais frequência!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Admiração

Admiro as pessoas que, não obstante a sua elevada idade, preservam a capacidade de se deixar surpreender. Pessoas que apreciam o momento, que são gratas por coisas simples, que se deixam amar, que não guardam mágoas, que encaram a vida com otimismo, que continuam a ter projetos. Que vibram com as coisas como se acontecessem pela primeira vez, porque têm consciência que, não sendo as primeiras, podem ser as últimas e há que vivê-las com intensidade e carinho. Pessoas que não destilam palavras amargas, que fazem a festa e apanham as canas, que ficam felizes e não têm pejo de mostrar essa felicidade. Quando for grande, quero ser assim.

Ressaca

Estou a ressacar. Estive envolvida, nos últimos dois meses, num trabalho intenso. Mergulhei num mar de papéis, tive a impressão, por alguns momentos, que não vinha mais à tona, mas lá consegui sobreviver. Pelo meio ficaram várias comemorações atípicas - Páscoa, Dia da Mãe e outras. Nessa onda de trabalho, tinha a certeza de que quando este acabasse, lhe ia sentir a falta. Acontece-me com frequência, do género António Variações (estou bem, onde não estou). Quando estava com trabalho até aos olhos, só esperava que chegasse o momento em que este acabasse. Agora que acabou, sinto-me toda partidinha. Estou a ressacar.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Isto está mesmo mau...

Hoje percebi que estou a chegar ao meu limite. Tentei fazer uma chamada através do comando da televisão.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ignorância

Precisava que alguém me explicasse uma coisa que ainda não consegui entender. Quem é que colocou o país na situação em que se encontra? É que esses que nos colocaram aqui é que deviam ser massacrados, ou estou errada? A culpa vai, mais uma vez, morrer solteira, certo? Eu acho que não contribui para esta situação... sempre paguei o que me mandaram pagar, a tempo e horas. E tu, contribuiste? Hoje li um texto sobre a Islândia que, a ser verdade, dá que pensar. Lá não foram de modas e exigiram justiça, disseram basta. Nas eleições limparam para fora do governo os que lá se sentaram nos últimos anos e votaram noutros, diferentes. A coisa parece que resultou. Aqui, ou muito me engano, ou vamos apenas trocar os tons de vermelho... de vermelho+branco vamos passar para o vermelho+amarelo. Resumindo: temos um problema crónico de natureza cromática. O que significa que não vamos sair daqui nunca.
Eu sempre achei pouca graça ao ditado "por um pagam todos", ou "paga o justo pelo pecador". Mas menos graça acharei à máxima que está prestes a ser criada: "por um pagam os outros". Sim, porque ao que parece os causadores de tudo isto vão sair, mais uma vez, impunes. Quando muito o que os espera é uma troca de cadeiras... Triste, muito triste.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um título para aki ó faxabor!

Hoje ouvi uma notícia hilariante. Um senhor, que fazia parte (penso eu que era) da direcção dos CTT, auto-intitulou-se Licenciado em Economia. Mas não se pense que lhe deu isto ao acaso. O senhor justificou-se. Achou que, dada a quantidade de cadeiras que frequentou, a par do processo de Bolonha, já merecia o título.
Ora eu acho que, à quantidade de doidos que já aturei, mereço o título de Licenciada em Psiquiatria. Portanto, de hoje em diante, façam o favor de me tratarem por senhora doutora.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Contradições

Saem dois irmãos a correr da escola, mãe segue-os atrás. Menina chega primeiro ao carro e, despeitado, o menino lança um "filha da p*". Mãe fica zangada e pede: "ora repete lá o que disseste?" Menino, esperto, hesita. Mãe insiste: "repete que eu não ouvi bem". Menino balbucia outra coisa qualquer que não a asneira. Mãe remata: "não, não foi isso que tu disseste, que eu ouvi muito bem!"

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quedas

A minha filha mais velha quis assistir, em direto, à queda do governo. Afinal, uma queda é sempre uma queda e não é coisa que aconteça todos os dias. Depois do discurso, foi à sala e disse para a mais nova: já caiu! A mais nova, alheia a estas coisas da política perguntou: O quê? O dente? Ainda não caiu mas já tá quase. Queres abaná-lo?
Em menos de um ai, o dente, tal como o governo, caiu mesmo. Um dente que vai ficar para a história, portanto.

terça-feira, 22 de março de 2011

Só mais um bocadinho...

Eu sei, eu sei que já foi ao ar a minha promessa de escrever um texto por dia. Há mais de um mês que não escrevo nada mas há uma justificação. Para além de todo o trabalho que já fazia, estou a fazer mais um que me consome bastante tempo. Resultado: tive que cortar em alguma coisa... e como achei que ninguém ia dar pela falta, cortei aqui. Mas houve duas queridas que já reclamaram! (Apesar de serem da família, também contam, não contam?) Para já só posso dizer que estou a gostar bastante desta mudança de rotinas e da azáfama acrescida. Logo, logo volto ao ritmo normal e aí haverá tempo para passar por aqui com mais assiduidade. Perdoada?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Crónica número 10


Há 12 anos atrás, estava eu, mais ou menos por esta hora, a reinstalar-me em casa, depois de três dias de ausência. Nos braços trazia a minha filha mais velha e, também, um mar de dúvidas e muita ansiedade. “Estarei eu à altura de criar esta menina? Saberei dar-lhe tudo aquilo que ela merece e precisa?” Na rua a festa estava instalada. Muita gente, muito barulho, muita animação. Como que a dar as boas vindas a esta vida, acabadinha de nascer. Os dias que se seguiram a este foram repletos de incertezas, tantas quantas visitas e palpites. O leite alimenta ou não? Será que tem xixi? E cocó? Estará com fome? É hora do banho? Deito-a de lado? Dou de mamar de três em três horas ou só quando ela chora? Adormeço-a ao colo ou deito-a logo na caminha e deixo-a berrar até se calar? Tantas dúvidas, tanta insegurança. Os dias deram lugar aos meses e os meses, aos anos. Hoje essa bebé não cabe toda no meu colo, toma decisões, assume responsabilidades, trabalha com afinco e enoja-se com a injustiça. Dá conselhos, volta-se para mim e diz: “gosto de ti”, pede abraços e ri-se com coisas que têm realmente piada. Já lhe disse isto mais do que uma vez e o meu coração repete-o a cada instante: não sei o que fiz para merecer uma filha como esta, mas estou radiante por tê-lo feito.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Crónica número 9

Fui ver “A Casa”, um espectáculo de Aldara Bizarro, e adorei. Este espectáculo baseia-se numa série de entrevistas realizadas entre 2009 e 2010, em várias localidades do país. Aos entrevistados, das mais diversas idades e condições sociais, eram feitas três perguntas: Qual o sítio ideal para viver? Como vive actualmente? De que histórias se lembra quando ouve a palavra casa?
Aldara Bizarro pegou em partes dessas entrevistas e produziu um espectáculo muitíssimo interessante, de onde sobressai a diversidade de opiniões, expectativas, gostos, sonhos, objectivos. Um dos entrevistados dizia que gostava de viver no centro de grandes cidades, no centro do barulho e da agitação, mas a sua casa era no sétimo andar, para não ouvir o barulho; outra dizia que gostava de viver num sítio onde não houvesse vizinhos à volta; outro gostava de ter vizinhos simpáticos e por aí adiante.
No espectáculo, a autora abordou também a temática do excesso de zelo em relação às crianças, quando disse que as crianças hoje, não têm espaços para brincar, é tudo muito pequenino e pontiagudo. E de capacete enfiado na cabeça produziu o momento mais hilariante da noite, onde as cabeçadas em tudo e todos eram uma constante, dando mesmo a ideia de estar num espaço muito pequeno ou, numa outra leitura, dando conta de que, mesmo com todos os cuidados e protecções, as crianças acabam sempre por ter que seguir o seu percurso, feito de quedas, cabeçadas, feridas e brincadeiras menos contidas.
O final foi simplesmente magnífico, com os bailarinos a sonharem com uma torre eifel edificada mesmo ali, no Parque de Nossa Senhora da Graça (Ovar). Para o efeito, arrasariam o Centro de Artes, onde estava a decorrer o espectáculo, e construíam a torre, com um aeroporto enorme ali perto, Ovar no centro do triângulo intercontinental – Tóquio/ Ovar/ Nova Iorque. Às vezes sinto-me assim, a sonhar alto, a querer ir mais longe, muito mais longe, muito mais além. Bom, muito bom.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crónica número 8


Arrisco a dizer que não estava um dia tão solarengo como o de hoje mas, na realidade, não me lembro bem. Só me lembro do meu irmão me ter ido buscar à escola, numa acelera, e de ter dito que já tinha nascido o bebé da Lurdes. “E o que é?”, perguntei eu. “Acho que é um menino”, respondeu ele. A desilusão apodera-se de mim. Queria uma menina. Com 18 anos acho que faz sentido poder escolher. Chego a casa, a minha mãe está à porta. “Já nasceu!”. “Eu sei”, respondo. “É um menino, não é?”. “Não, é uma menina!” Fico radiante, entusiasmada, não vejo a hora de ir ver a bebé ao Hospital de S. Paio de Oleiros. Almoço e sigo para lá, vejo aquele bebé tão perfeitinho, adoro a sensação, fico animada quando vejo a mãe da bebé mais animada ainda e com cara de quem não tinha, nem por sombras, passado por um parto. Depois, bom, depois, seguiram-se as emoções todas, possíveis e imaginárias. As primeiras vezes de tudo, a descoberta, a surpresa, a preocupação. (Ó miúda, quando caíste do berço pregaste-nos cá um susto!) E eu ali, presente em todas elas, a viver cada momento, feliz da vida, encantada com aquele estado, madrinha pela primeira vez.
“Maínha, um tá?”, dizia ela - cabelinho ralo e loiro – quando entrava em casa dos meus pais, à minha procura. E eu escondia-me e deliciava-me a ouvir aquela vozinha que chamava por mim. Depois aparecia – com 18 anos e sem grandes responsabilidades, só sobrava tempo para o lado bom da vida – e ríamos as duas, apertadas para sempre em abraços e beijinhos. As festas do ballet, a natação, a escola, tantos passos e tantos centímetros a mais!
Foi há 23 anos, mas parece que foi ontem. Obrigada, minha querida, por me deixares fazer parte da tua vida.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Crónica número 7

A maior parte das pessoas que tem a minha idade e até um pouco mais velhas, não faz a mínima ideia do que é a crise. Não sabe o que é trabalhar no duro, não sabe o que é não ter mais do que comer do que uma sopa. Eu não sei o que é a crise. Há pessoas que me falam que passaram fome, sim, fome, aquilo que acontece quando o que comemos não chega para nos saciar ou, pior ainda, quando não há nada que comer. A mim também me parece uma obra de ficção haver uma sardinha para dividir por não-sei-quantos e não haver carne, nem peixe, nem leite, nem queijo, nem uma série de coisas às mesas das refeições diárias. As pessoas que me falam destas carências, falam-me também de trabalhos árduos que levavam a efeito. Um contraste, portanto. O que faltava em alimentação, sobejava em trabalho pesado. Numa ocasião entrevistei uma senhora, já de idade, corpo arqueado e fino, que me disse que, quando era nova, transportava, a pé, de Ovar até Gaia, dois caixões – um de adulto e outro de criança, dentro do primeiro. Não faço a mínima ideia quanto pesa um caixão de criança ou de adulto, mas deve pesar bastante. A senhora disse que fazia isto amiúde, caixões à cabeça, pés descalços, e aí ia ela. A brutalidade do episódio ecoa na minha cabeça, até hoje.
Tempos soturnos, aqueles. Os parcos cuidados ao nascer prolongavam-se pela vida fora. Vidas quase exclusivamente de trabalho, o compasso dos anos a ditar, implacável, as duras marcações: crescer, trabalhar, trabalhar, casar, ter filhos, filhos, filhos, criá-los e pô-los a trabalhar e morrer. Vidas onde faltava tudo, afectos incluídos, em certos casos. Dizer que estamos em crise quando, não podendo comprar artigos de marca, passamos a comprar marcas brancas, é excessivo. E, na verdade, não é isto que nos preocupa. O que nos preocupa é não sabermos se isto vai ficar pior, se vamos ter que dispensar certos alimentos e hábitos que tínhamos por adquiridos. É que apesar da mudança ser aquilo que de mais certo temos na vida, ainda é uma palavra que nos causa muita impressão.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Crónica número 6

“Sabes quem morreu? A R., não sei se conhecias”. A soma de mais um pormenor ao nome fez-me concluir que sim, conhecia. Foi uma doença que a levou. Uma doença má, implacável, cruel, traiçoeira. Atacou-a e não a deixou defender-se. Injustiça. Recordei-me da última vez que trocamos umas palavras, faz no próximo mês de Maio um ano. Ela e eu, com outras pessoas e filhas, na estação de Ovar, rumo ao Rock in Rio. Ela e eu, acabadinhas de ceder aos pedidos insistentes das filhas e a embarcar numa viagem que, sem sentido para nós, acabava, pelas crianças, por ter todo o sentido do mundo. A R., uma mulher aparentemente saudável, cheia de energia, com uma maneira de falar e sorrir única, morreu. Teletransporto-me, num segundo, para a sua casa, que não conhecia, e para a sua família, que conhecia mal. Mas projecto para lá a minha própria família, a dor, o desnorte. Sinto as suas vidas a tornarem-se diferentes para sempre, uma mãe é uma mãe e sendo uma mãe a sério, como a R. seria, fará sempre uma falta imensa, deixará sempre um vazio profundo, intenso, constante, cortante. Os anos que separavam a R. de mim eram poucos, o que torna ainda mais impossível toda esta história. Uma mãe, com esta idade e com filhos para acabar de criar, não morre, não pode deixar uma tarefa como esta – a maior da sua vida – a meio.
Sinto, como se fosse minha, a dor de todos. E, no entanto, a cidade, indiferente, acorda, agita-se, os risos, o vento, o sol, tudo igual e tudo, para alguns, tão diferente. Tento encontrar sentido naquilo que nunca tem sentido, mergulho neste mar de incertezas que é a vida, a vida dela que já não é, eventualmente parecida com a minha, ainda do lado de cá, ainda por interromper. Como a dela, há uma semana.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Crónica número 5

Ontem passei o meu primeiro recibo verde electrónico. Tenho que confessar que são bonitos, estes novos recibos e que o facto de serem integralmente preenchidos pelo computador confere outra pinta à coisa. Não há cá borrões de tinta, nem carimbos mal amanhados com o nosso nome a descer para a direita e a nunca ficar certo no retângulo. Foi, portanto, uma medida muito acertada, tomada pelo nosso Governo que, ao contrário do que se diz para aí (más línguas) não faz só asneiras. Num país onde a porcaria impera, é de bom tom ter alguma coisa com um aspecto moderno e clean. Os recibos verdes electrónicos têm um aspecto moderno e clean. E para que a justiça seja integralmente feita, tenho que agradecer a poupança que resulta de não ter que comprar a já decrépita Caderneta de Recibos. Só o nome é revelador de uma pobreza e infantilidade levadas ao extremo. “Caderneta”. Cadernetas, ainda tenho algumas, da Pipi, da Heidi e de músicos famosos. Ter uma Caderneta de Recibos é, no mínimo, piroso. Mas como eu ia dizendo, a aquisição de uma Caderneta de Recibos custa 3,60 Euros. Três euros e 60 cêntimos não é brincadeira nenhuma. É dinheiro. Dá para uns cafés, para uma embalagens de pensos de marca branca, para duas embalagens de pão de forma, para duas caixas de cereais marca branca, para seis litros de leite e para muitas outras coisas. É claro que, infelizmente, sempre gastei poucos recibos e, por isso, este era um investimento anual. Poupo, portanto, 3,60 Euros por ano o que é ótimo, em ano de crise. Ainda não fiz foi as contas ao que vou gastar em papel e tinteiros para imprimir os sofisticados recibos. Vá, que do mal o menos, sai o Original e o Duplicado ao mesmo tempo, numa folha A4. Mas mesmo que gaste muito mais, isso não interessa nada, fico com uns recibos que são uma pintarola, graças a quem nos (des)governa. E com papas e bolos, vão-se enganando os tolos.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Crónica número 4

Não sei se já escrevi sobre isto mas, na falta de melhor assunto, cá vai (de novo, se for o caso). Tenho a solução para uma sociedade perfeita. É simples e não sai caro; é infalível e pode começar a qualquer instante. Basta que, nas maternidades, comecem a trocar os recém-nascidos, de maneira a que nenhuma mãe fique com o seu filho. Porquê? Porque somos excelentes educadores dos filhos dos outros. Mal uma mãe tem um filho (ou pare um filho, será que é assim que se diz?) não faltam mulheres, doutoradas na matéria, que se acerquem com um chorrilho de palpites. A criança chora? São cólicas/ gazes/ fralda molhada/ fome/ sede/ falta de mimo/ sono. Resumindo, qualquer mulher tem uma bagagem superior à própria mãe, por mais livros que ela tenha devorado ao longo dos últimos nove meses de vida. A mãe, em desespero de causa, percorre todos os possíveis motivos para tão emotiva gritaria. Descobre a causa. Era fome. Recomeçam as observações. Primeiro devias dar-lhe a mama esquerda; não, diz outra, primeiro é sempre a direita; na minha opinião, isso é indiferente, o que devias era manter o bebé na vertical, para evitar as cólicas; não, isso não é bem assim. Está provado que não reduz as cólicas e prejudica o contacto físico com a mãe que, isso sim, é o importante deste momento; o que é essencial – diz outra sábia – é que não fales enquanto estás a amamentar, porque isso provoca gazes ao bebé.
E isto continua pela vida fora. Já viste as birras que a Lyonce faz (tinha que falar disto)? Se fosse minha filha, eu é que lhe dava as birras… apanhava duas surras naquele traseiro que passava-lhe logo a birra! E a Viiktórya (vão abundar, senhores, vão abundar) que malcriadona! Não tem respeito por ninguém! Também, com uns pais daqueles… se fosse minha filha, enchia-lhe aquela língua com pimenta que ela não havia de dizer palavrões nem outra coisa qualquer por mais de um mês! E já viste como a mãe da Pulquéria a deixa sair para a rua? Com aquela mini-saia e aqueles decotes? Depois que se venha queixar… filha minha não saia assim, nem por cima do meu cadáver!
A teoria continua. Se fosse meu filho, eu é que lhe dizia o tabaco/ a droga/ o vinho. Não lhe dava dinheiro e pronto. Não ando eu a trabalhar para sustentar vícios. Então uma mãe deixa um filho de 21 anos, uma criança, portanto, ir para Nova Iorque com um homossexual de 65? Não lhe pareceu logo estranho? Eu não deixava!
Se trocassem as crianças à nascença e toda a gente educasse filhos alheios, vejam só as vantagens: acabavam-se as birras e os palavrões; as drogas, o alcoolismo e o tabagismo; as vidas perdidas, a pouca vergonha.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crónica número 3

Obriguei-me, no início deste ano, a escrever uma crónica por dia. Mas como convivo muito pouco, é difícil ter assunto. E como boa portuguesa que sou, quando não tenho mais nada para dizer, falo sobre o tempo. Mas não sou a única e ainda bem. Os telejornais fazem o mesmo, o que me deixou mais contente. À falta de outro assunto (parece que o Sr. Carlos Silvino resolveu vir quebrar o gelo), as notícias são sobre o tempo. Esta é a introdução de um texto que já escrevi ontem, por isso a coisa não vai ficar assim muito bem. Como é um remendo (porque o texto estava muito pequeno e eu também me obriguei a escrever umas linhas consideráveis) vai ficar a parecer isso mesmo, um remendo.
Ora o Inverno, em Portugal, é frio. É Janeiro. Janeiro, para além de ser o primeiro mês do ano, situa-se no Inverno. Logo, parece-me normal que esteja frio. Mas deve ser só a mim, porque os noticiários fazem disso grande alarido. Anteontem, uma notícia dava conta que estariam 5 graus negativos na Guarda, à hora em que os padeiros entram ao serviço, o que deve querer dizer de madrugada. Ontem ao almoço, os jornalistas anunciavam que as temperaturas iam descer ainda mais. Avisava-se para que as pessoas tivessem cuidado com os aquecedores e com as lareiras. Eu, que me preparava para me meter na lareira, assim sendo, vou ter mais cuidado. Vou chamuscar só os pés, já que tiveram a gentileza de me avisar que as lareiras podem representar um perigo. E em relação aos aquecedores, também estava a pensar cobri-los com a roupa que ainda não acabou de secar mas, dado o aviso, vou deixá-la a secar no estendal. A isto chamo serviço público. Se não são estas almas a prevenir, a gente ainda morre e ninguém sabe como! Este ano ainda não ouvi mas, no ano passado, os pivôs dos telejornais recomendavam: se tiver que sair de casa leve um agasalho, cachecol, gorro e luvas, para ajudar a combater do frio. Ufa! Se não é esta malta a avisar, andávamos nós para de t-shirt e era um problema, porque ainda nos podíamos constipar.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Crónica número 2

Aquilo que não temos é que é bom. Há oito anos que trabalho por minha conta e acho que o bom, bom, era quando trabalhava por conta de outrem. Só me lembro dos excelentes ambientes de trabalho por onde passei, de ter compromissos, de conhecer gente interessante e ficar a saber de coisas que não fazia a mínima ideia de como funcionavam. Recordo, com saudade, da partilha que a equipa fazia dos saberes que ia adquirindo. Nesses ambientes de trabalho e entre colegas, partilhávamos também experiências pessoais, falávamos das nossas ambições, trocávamos ideias, trocávamos jantares e almoços. E é disto que me lembro e, por isso, tenho muitas saudades do tempo em que trabalhava fora. De comprar uma camisa nova e alguém reparar, de um elogio quando ia ao cabeleireiro ou pintava as unhas.
Mas deixando de lado esta vertente romântica da coisa, havia cenas que eram uma verdadeira chatice, para não usar uma palavra feia. Ter que aturar patrões que não sabiam bem o que queriam, que diziam que hoje gostavam de preto, mas amanhã já gostavam de azul, de reuniões intermináveis que não chegavam a lado nenhum e que atrasavam a hora de saída, de conduzir feita uma doida para ir buscar a minha filha a casa dos meus pais, à hora em que já devia estar a deitá-la, ter que fazer trabalhos que me agradavam pouco ou, pior ainda, não me agradavam nada, ter que explicar que nem tudo o que se aprende nas faculdades é para se pôr em prática, são algumas dessas cenas maradas. Não ter sábados, domingos e feriados, trabalhar, por vezes, sete dias por semana e receber o mesmo, receber depois de todos os restantes colegas eram outras que, vá, causavam-me alguns, vá, digamos que, aborrecimentos.
Colocado tudo na balança, é claro que os pratos ficam desequilibrados e nessa altura digo baixinho “sou uma abençoada”. Mas por baixo destas palavras, como se fossem uma sombra, lá estão elas. As saudades. E sei que, se estivesse num ambiente de trabalho com muita gente, pensaria “que bem que eu estava a trabalhar por minha conta. Podia gerir os meus horários, sem ter que estar a aturar malucos”.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Crónica número 1

Ia jurar que tinha sido mesmo ontem, mas dizem-me que não. Que já passou muito tempo, apesar de eu sentir e ter para mim que ainda foi ontem. Ainda foi ontem que saltei da cama e a minha roupa estava já preparada para eu vestir. Ali, direitinha, nas costas da cadeira. O penteado, o mesmo de sempre, duas longas tranças, uma de cada lado da cabeça. Com uma paciência infinita, os cabelos, sempre muitos, eram passados daqui para ali, por entre os dedos da minha mãe. Eram sempre tranças, que com aquele volume de cabeleira, que pareciam duas em vez de uma, não dava para arrumar de outro modo. Fui para a escola, a pé, por uma berma de estrada que era isso mesmo, uma berma de estrada, não era um passeio. Eu e os meus amigos, como sempre, estrada acima, os carros a deslizar nos paralelos. Chegámos e mal vimos a professora, começámos a dizer, como em tantas outras ocasiões, “olha a nossa senhora!”. A nossa senhora era a professora, não era a mãe de Jesus. Trocamos os sapatos pelos chinelos – assistimos às aulas de chinelos, para não sujar a alcatifa – e assim ficámos até ao intervalo. Foi ontem, sim, que sai para o intervalo de braço dado com a Jacinta e com a Sandra e andámos às voltinhas pelo recreio. Os intervalos, muitos deles, eram passados assim, às voltinhas pelo recreio, e ontem não foi excepção. Também brincámos ao “Papá Ferreira, dominó, a demissão, dominó, comprei um ferro, dominó, ferro de carvão, dominó, para passar, dominó, o meu roupão, se esta terra fosse minha, dominó, mandaria construir, dominó, um palácio de cristal, dominó, a demissão”. Não sabia bem o que estava a dizer mas sempre gostei do som da ladainha e do bater ritmado das palmas. Mais um tempo de aula e lá vim, eu e os outros, estrada abaixo, para casa. O almoço, o mesmo sacrifício de sempre, mas depois muita e muita brincadeira, com a Paula, a Márcia, a Sílvia e o Rui. As nossas risadas só foram interrompidas com a chamada para o lanche e, horas depois, para o jantar. Tudo prontinho, como sempre, foi só comer, tomar banho e vestir o pijama. Dizem-me que não foi ontem que isto se passou, que já foi há muito tempo, no tempo em que o tempo corre a nosso favor, é nosso amigo, é mais longo e mais brando. Mas eu não acredito. Tenho para mim que ainda foi ontem e não fosse a roupa não estar, direitinha, na cadeira, à minha espera para eu a vestir, diria que o ontem se ia repetir hoje e amanhã. Mas a roupa não está e vejo agora que o pequeno-almoço não está na mesa, que o meu cabelo encolheu e que já não dá para fazer as duas longas tranças, uma de cada lado. Os meus amigos não estão à minha espera, à porta, e não encontro a mochila para pôr às costas. Também não vejo a minha mãe, os meus irmãos, não está ninguém, só eu, num tempo que eu não conheço.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ganda verdade!

Ontem, o Sr. Professor Cavaco Silva disse uma grande verdade, no seu tempo de antena para as próximas presidenciais. "Quem votar em mim já sabe com o que pode contar". Nunca estive mais de acordo com ele e cada vez acho que os portugueses merecem os políticos que têm e merecem todo este pântano em que nos encontramos. Já sabemos o que eles fazem, queixamo-nos do que eles fazem (ou do que deixam de fazer) mas na hora H, votamos sempre nos mesmos. Não sou apoiante de nenhum partido político e tento, em cada eleição, ouvir o que dizem os candidatos, apreciar as suas propostas e votar em consciência. Como o meu marido é do PSD, alguns acham que eu também sou; outros dizem que eu tenho uma costela sindicalista e outros ainda acham que eu me inclino para o PS. O carneirismo sempre me assustou um bocado e ser de um partido, independentemente das pessoas que lá estão, das suas atitudes e principios, é um acto de coragem, ou de burrice ou ambos, não sei bem.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ui, que difícil

Já aqui fiz o balanço de 2010. Foi fácil. O que me deixou sem resposta foi a pergunta: Planos para 2011? Não consegui dizer uma palavra. Uminha, sequer. Esta treta de viver, literalmente, um dia de cada vez deixa-me assim, desamparada. Acho que vou mudar de teoria.
Tenho saudades de ter muitos planos, projectos. De me sentar com o mais-que-tudo a desenhar como ia ser isto ou aquilo. Tenho saudades de ter estabilidade para fazer planos.
Sei que não vale a pena dramatizar, porque isto passa.

Dá Deus nozes...

Pergunta, depois de ir buscar as notas: Deve ser bom ser boa aluna, não?
Resposta: Às vezes é um bocado enfadonho.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Balanço... mas não caio

Conquistas de 2010 (ordem sem qualquer critério de importância):
- Compramos mobília nova para a sala (depois de 17 anos a conviver com uma de que não gostava. Isto só para perceberem a relevância deste ponto);
- Fizemos alterações logisticas aqui em casa;
- Tirei o curso de Massagem nas Escolas (já o perseguia há algum tempo);
- Reavivei relações;
- Escrevi e editei um livro infantil;
- Candidatei-me a um trabalho;
- Fui vendedora na Feira do Doce;
- Participei no 1º Bazar do Ikea.
Isto só para falar das coisas mais invulgares, claro está. Mas não foi mau, não senhora!

Aniversário


Em 2009 tomei uma decisão acertada. Decidi comemorar o meu aniversário em dois tempos: um no dia, para a família, outro mais tarde, com os amigos. Isto porque faço anos a 29 de Dezembro, ou seja, a meio do Natal e da Passagem de Ano, precisamente na altura em que há mais festas por metro quadrado. Ora assim sendo, e volvidas décadas a viver sucessivas festas de anos com malta fartinha de comer disparates, decidi que o dia seria para a família, com um almoço sóbrio e sobremesas a condizer. Com o restante people, logo se vê. A primeira parte deste aniversário correu muito bem, com tudo bem disposto e de saúde, que é o que se quer. Adoro cada uma das pessoas que passou comigo este aniversário. São todas diferentes mas muito especiais. A forma como cada uma delas está na minha vida é, sem dúvida, o melhor presente de aniversário que alguém pode receber.