segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Até qualquer dia

A 344 dias do final do ano.

Soube hoje que a minha tia Maria morreu. Já morreu há 12 dias mas, para mim, morreu hoje, porque só soube hoje. A minha tia vivia num lar, já há muitos anos e tinha muitas enteadas e filhos destas e netos destas. O lar tinha o contacto de uma delas e foi essa pessoa que avisou. Essa pessoa não me avisou a mim e isso agora também não interessa nada. Não posso deixar de pensar o quão pouco cuido dos idosos da família, sobretudo destes, que vivem sós.
A minha tia Maria tinha um feitio muito especial. Não tinha papas na língua, não era de beijinhos e abraços, era muito pragmática, pão-pão-queijo-queijo. Resumindo, tinha uma personalidade forte que, por isso mesmo, gerava ou admiração ou antipatias. Tinha muita graça quando contava os episódios da sua vida, a maneira como reagia às coisas. Contava que ia ao médico só para saber o que tinha, porque ela depois é que decidia que medicamentos tomar! E numa ocasião que a incentivaram a ir à piscina do lar? A muito custo, lá foi, mas quando viu que a piscina era usada também por homens, não voltou mais! "Que porcaria", dizia ela. "Estar ali na mesma água que os homens, que porcaria".
Visitei-a no Verão passado, já não me conheceu, ia muita confusão naquela cabeça. Agora vai muita confusão na minha. Descansa em paz. Dá beijos meus a todos, muito especialmente à tia Rosa e ao tio Lando, pode ser? Ainda estou em condições de te pedir alguma coisa?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pessimismo

A 356 dias do final do ano.

Hoje acordei muito bem disposta o que, vindo de uma capricorniana de gema como eu sou, não é uma coisa muito normal. Não porque os capricornianos não possam acordar bem dispostos, mas porque sobre estes paira sempre uma nuvem de pessimismo negra, negra. Ora esta nuvem, a juntar ao céu que todos os dias nos é enfiado pelos olhos dentro de que estamos a atravessar o pior ano de sempre da história da humanidade, é uma combinação explosiva. E querem ver como sou mesmo do pior? Acordei bem disposta, como já disse, e em vez de usufruir em pleno desse estado raro, dei por mim a pensa: "mau... o que é que vai acontecer?" Não tenho emenda possível. Cinzenta como o Inverno que, por acaso este ano, está radioso e brilhante. Raios o partam.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reis em minha casa


O ano ainda vai no início e já concretizei uma coisa que queria fazer há muito tempo. Por isso, ontem, veio aqui a casa a Trupe de Reis do Orfeão de Ovar. Para quem desconhece, o Cantar dos Reis em Ovar é uma tradição secular e única no país, que consiste no canto de três números: a Mensagem, a Saudação e o Agradecimento (despedida). O que me impressiona mais é que os textos e as músicas são, na sua esmagadora maioria, originais, o que significa que, de ano para ano, ficamos com um património cultural mais rico. Na primeira semana de Janeiro, as trupes (mais de vinte!) saem para as ruas e cantam em cafés, associações, instituições, restaurantes e em casas que fizeram esse pedido. Instala-se um ambiente de paz e harmonia, tudo parece estar em perfeita sintonia, as vozes aquecem os espaços, enfim, é uma emoção sem igual. Adorei receber esta trupe que cantou e encantou. Este momento vai, de certeza, ficar gravado na história desta casa. Obrigada a todos!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Boa!

Hoje fui à padaria munida de porta moedas, contra o costume, pois costumo levar apenas o dinheiro para o pão que quero. Mas ando tão assustada com todas as notícias que vêm a público que pensei que era melhor ir com mais dinheiro. Mas, afinal, o pão não aumentou! Malta, podemos continuar a comer pãozinho ao preço de 2011. Nem tudo é mau.
Vou continuar com algumas medidas que iniciei em 2011 (isto da crise já não é novo, novo, há uma data de tempo que se houve falar da dita):
- As meninas levam sempre lanche para a escola feito de casa;
- O pão não é embrulhado em guardanapos de papel mas numa saquinha de pano;
- Comprei garrafas para transportar líquidos e é aqui que elas levam os sumos, pois um pacote maior custa menos, proporcionalmente, do que os mais pequenos;
O restante, como aproveitar tudo o que sobra das refeições, fechar a torneira quando se lava os dentes, tomar duches rápidos, isso já faço há muito tempo, não é novidade, nem é por causa da crise, é porque tenho a obrigação de gerir bem estes recursos escassos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ironia

Estou com dificuldade em desejar um bom ano às pessoas. Parece que estou a brincar, com elas e comigo própria. Este não vai ser um bom ano para a generalidade das pessoas que vão pagar mais por quase tudo e vão ganhar menos. Ou seja, vão ter dificuldades em garantir o cumprimento dos seus compromissos o que não é bom. A instabilidade e a insegurança não são, de todo, boas companheiras. Vamos ter que reinventar a nossa maneira de estar na vida, pelo menos durante este ano.