sábado, 5 de novembro de 2011

Trovante


Ontem fui ver Trovante, no Coliseu do Porto. Foi um espetáculo simplesmente arrebatador! Quando os vi ao vivo, pela primeira vez, também no Coliseu do Porto, tinha 14 anos de idade (capicua!). Há 27 anos estava em pulgas para ver o cantor mais giro do planeta, pelo menos do meu planeta. O espetáculo começou (na minha cabeça recordo-o assim, não sei se a realidade lhe faz jus), com a mítica "Saudade", palco e sala ainda às escuras, só a voz a preencher todo o espaço. Loucura! Luís Represas vestia uma t-shirt às riscas largas amarelas e brancas (será que sim?), enfim, as canções eram tão importantes como as músicas e como o cantor (eram 14 anos, o que querem?) Foi a primeira vez que ouvi "Ser poeta", na voz de Luís Represas e fiquei alucinada, pois tinha estudado, na escola, esse poema e adorei-o, tendo passado a gostar muito também de Florbela Espanca. Ora um dos meus poemas preferidos de sempre, na voz mais maravilhosa de sempre era mesmo um presente dos anjos para mim! Ontem o espetáculo não abriu com "Saudade", vi um Luís muito mais maduro (eu também) mais gordito (eu também), mais e melhor artista (e eu mais e melhor espetadora), enfim, crescemos juntos!
Não pude deixar de pensar neste espaço de tempo... 27 anos... é muito ou pouco tempo? Neste espaço de tempo, acabei o 12º ano, tirei um curso profissional, um curso superior, arranjei emprego e mudei, e mudei, e mudei, e mudei, namorei, casei, tive duas filhas maravilhosas, compramos um apartamento, vendemos o apartamento, compramos outro apartamento, compramos carro, trocamos de carro, e trocamos, e trocamos, fomos padrinhos de casamento, de batismo, arranjamos novos amigos, perdemos outros, partiu o meu melhor amigo (que falta que fazes, João), enfim! 27 anos é, de facto, muito tempo. Mas ontem, por quase duas horas, esqueci-me do tempo, do que passou e do que há de vir, usufruí daquele presente (e que presente! obrigada maridão!) e foi um momento mágico.

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