quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mau, Maria

Hoje apetece-me ter pena de mim. Parte desta postura resulta de uma noite que terminou cedo de mais, com um pesadelo que não interessa nada para o caso. Acordei eram 5h40 e não voltei a pregar olho. Por isso é legítimo que me sinta miserável. Mas eu sei, no meu íntimo - que é aquela coisa que está sempre a matraquear e que nós só não ouvimos quando estamos muito ocupados - que não é só isso. Este banho-Maria, em que a minha vida profissional se encontra há muitos anos, é que me está a incomodar. Tenho uma vida familiar de sonho mas uma vida profissional quase reduzida a pó. Quando me perguntavam, em pequena, o que queria ser quando fosse grande, tinha sempre resposta pronta e queria ser muita coisa, desde professora a merceeira. Não fui nem uma coisa nem outra por causa de uma nota excelente que tirei à disciplina de jornalismo, talvez no 10º ou 11º ano. Iludi-me com aquilo, achei que chegava gostar muito de escrever e lá fui eu tirar o curso. Fiz o curso seguidinho, comecei logo a trabalhar na área e assim foi durante muitos anos. Entretanto correram-me do último jornal onde trabalhei, vim para casa, tiraram-me a carteira profissional por incompatibilidade com as minhas novas funções e vivo, de há dez anos a esta parte, de trabalhos que faço em part-time. A nível financeiro, não há um ano igual ao outro, já tive anos bons e outros que meteram dó, mas este tempo de crise não está a facilitar as coias e dou por mim a perguntar-me, agora que já sou grande, o que é que quero ser. E o mal é perguntarmos uma vez, não é? Depois a pergunta não sai da cabeça. Principalmente quando não sei que resposta lhe hei de dar.

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