terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cheirinho a Natal


A crise, os telejornais, os jornais deixam-nos de rastos. Não há astral que sobreviva a tanto negrume. Deixamo-nos abater e tornamo-nos uns condenados às mãos de uns carrascos. Já não queremos sorrir, nem rir, nem brincar. Só queremos andar com frio, cabisbaixos e a rogar pragas ao governo, ao sistema, aos incompetentes. Vivemos assim há tanto tempo que já não conseguimos ser de outra forma. Ou será que ainda conseguimos? Quem ganha com este nosso ar, soturno e sombrio? Ouço e digo, muitas vezes, que é muito bom sermos pequeninos. E será que não conseguimos, pelo menos de vez em quando, sermos pequeninos outra vez? Nem será preciso recurar tanto... será que não conseguimos voltar, nem que seja por breves momentos, aos tempos de juventude, em que as paixões nos motivavam a acordar mais cedo, a pintar os olhos e os lábios, a vestir uma roupa toda janota? A sentir que tudo era possível, bastava querer com muita, muita força?

A nossa casa já cheira a Natal. Foi uma forma que encontramos de deixar o cinzento lá fora.

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