sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Crónica número 5

Ontem passei o meu primeiro recibo verde electrónico. Tenho que confessar que são bonitos, estes novos recibos e que o facto de serem integralmente preenchidos pelo computador confere outra pinta à coisa. Não há cá borrões de tinta, nem carimbos mal amanhados com o nosso nome a descer para a direita e a nunca ficar certo no retângulo. Foi, portanto, uma medida muito acertada, tomada pelo nosso Governo que, ao contrário do que se diz para aí (más línguas) não faz só asneiras. Num país onde a porcaria impera, é de bom tom ter alguma coisa com um aspecto moderno e clean. Os recibos verdes electrónicos têm um aspecto moderno e clean. E para que a justiça seja integralmente feita, tenho que agradecer a poupança que resulta de não ter que comprar a já decrépita Caderneta de Recibos. Só o nome é revelador de uma pobreza e infantilidade levadas ao extremo. “Caderneta”. Cadernetas, ainda tenho algumas, da Pipi, da Heidi e de músicos famosos. Ter uma Caderneta de Recibos é, no mínimo, piroso. Mas como eu ia dizendo, a aquisição de uma Caderneta de Recibos custa 3,60 Euros. Três euros e 60 cêntimos não é brincadeira nenhuma. É dinheiro. Dá para uns cafés, para uma embalagens de pensos de marca branca, para duas embalagens de pão de forma, para duas caixas de cereais marca branca, para seis litros de leite e para muitas outras coisas. É claro que, infelizmente, sempre gastei poucos recibos e, por isso, este era um investimento anual. Poupo, portanto, 3,60 Euros por ano o que é ótimo, em ano de crise. Ainda não fiz foi as contas ao que vou gastar em papel e tinteiros para imprimir os sofisticados recibos. Vá, que do mal o menos, sai o Original e o Duplicado ao mesmo tempo, numa folha A4. Mas mesmo que gaste muito mais, isso não interessa nada, fico com uns recibos que são uma pintarola, graças a quem nos (des)governa. E com papas e bolos, vão-se enganando os tolos.

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