terça-feira, 16 de julho de 2013

Isto assim não presta

As histórias da famosa coleção "Formiguinha" estão a perder qualidade e, por isso, hoje vou apresentar duas. Não há batatada, nem ninguém que é enterrado, nem ninguém que tira os olhos para pagar um pedaço de pão e uma pinga de água e, depois, é lançada ao mar e, depois, volta a pôr os olhos no sítio. Isto assim, definitivamente, não presta! Onde está o drama, o terror, o medo? Parecem histórias destes tempos, palavra de honra!
A primeira história de hoje chama-se "Canta, surrão!" Ora, para quem não sabe, como era o meu caso, surrão é "a bolsa de couro usada pelos pastores para levar o farnel", segundo o Dicionário de Língua Portuguesa. A história fala de uma viúva e de sua filha, Beatriz, que era uma menina muito curiosa. Depois de pormenores que não interessam, a menina acaba no surrão de um velho (ganda farnel que o pastor levava, para caber lá a cachopa!) e este ganha a vida a dizer que o seu surrão canta. Quando diz: "Canta, surrão senão levas com o bordão", a miúda põe-se a cantar e as pessoas, impressionadas, dão dinheiro (impressionavam-se com pouco, diga-se de passagem). As autoridades acabam por descobrir tudo e o velho, de castigo, é obrigado a trazer o surrão cheio de pedras. A miúda, com o susto, ganha juízo. Francamente! Isto é história que se apresente numa coleção desta natureza?
A outra não é melhor, cheia de lições de moral e essas coisas. Chama-se "O Rei e os sabichões". Era uma vez um rei que tinha três conselheiros muito sábios e gabarolas. O rei, um dia, decide dar-lhes uma lição e fala em código com um velho. Os sábios não percebem nada, o rei ameaça despedi-los se não conseguirem deslindar o código; os sábios, aflitos, vão às escondidas ter com o velho que lhes revela o que queria dizer a conversa mantida com o rei e, como paga, exige que os sábios se dispam (?). O rei entretanto aparece e diz: "O verdadeiro sábio é sempre humilde, porque quanto mais sabe, mais percebe que ainda lhe falta saber". E como o velho ainda tinha três filhas para casar, o rei aconselha os sábios a oferecerem bons dotes às moças. Saiu-lhes cara, a brincadeira! Vamos lá ver se, com o decorrer da coleção, isto volta a animar.

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