segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Príncipe com orelhas de burro

Temos aqui um conto que é uma versão masculina da Bela Adormecida. Pelo terceiro conto consecutivo, não são enterradas pessoas vivas, mas é enterrado um segredo. Volta a aparecer uma cana, transformada em flauta, e que fala. Resumindo: a imaginação do autor dos contos começa a dar de si... Mas vamos ao que interessa: era uma vez um Rei, que não consegue ter filhos. A solução passa por ir chamar as três fadas à floresta. Lá aparecem as três fadas que garantem que o Rei conseguirá ter um filho se prometer que as chamas para o batizado. O Rei promete que as chama e como isto tudo ainda era escrito numa altura em que se cumpria o que se prometia, no dia do batizado lá aparecem as três (o que não devia custar ser chamada para uma festa!). A Bonita determina que o príncipe seja bonito; a Sabichona determina que ele seja inteligente e a Sensata determina que ele nasça com orelhas de burro (uma decisão mesmo, mesmo muito sensata, fiquei a perceber porque era ela a fada Sensata!) Cumprem-se os votos das fadas, o puto lá cresce a menor ritmo do que crescem as orelhas que são ocultadas por um barrete que ele usa sempre. O puto é um convencido sem igual, menospreza tudo e todos até que, no primeiro dia em que o rapaz tem que desfazer a barba, o barbeiro descobre toda a verdade. O Rei ameaça mandá-lo para a forca se ele revelar o segredo e o barbeiro, a conselho do abade, para se livrar do peso de guardar tamanho segredo, abre um buraco e grita para lá o seu segredo, enterrando-o de seguida. É nesta altura que lá nasce um canavial e que um pastor pega numa cana, transforma-a em flauta, leva-a aos "beiços" e esta grita "O Príncipe tem orelhas de burro". O segredo deixa de o ser e o rapaz toma juízo e pede desculpa a todos, por ter zombado deles, tendo ele próprio um defeito daquela envergadura. E é então que a fada Sensata lhe dá umas orelhas giras, autoproclamando-se salvadora da pátria: "se não sou eu tinhas permanecido um vaidosão! Mas como estás curado do defeito, não há motivo para continuares orelhudo". Começam a ser maçadoras, estas histórias... Sem pancadaria tornam-se mesmo sensaboronas.

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