domingo, 7 de julho de 2013

O peixinho encantado

Mais uma encantadora história desta encantadora coleção. Este conto tem semelhanças assustadoras com a atualidade. Reparemos, pois. A Ti Rosa é viúva, não tem dinheiro e, como se isto não bastasse, tem um filho feio e idiota. Até aqui, tudo mais ou menos bem. Para além dos dois defeitos já citados, o moço tem mais um - é malandro que se farta. E agora, atentem nas semelhanças: "para se sustentar e ao filho comilão, a Ti Rosa trabalhava, pois, de sol a sol..." Não fique triste, Ti Rosa, é o que acontece ao povo português!
Um dia, um vizinho decide levar o moço para a floresta, para que este o ajude a carregar a lenha. O moço lá vai, volta carregado que nem um burro e senta-se na beira de um riacho, onde lhe aparece um peixinho vermelho. Este promete ao rapaz que se não o matar, ele faz-lhe as vontades todas. O moço pede-lhe que o molho de lenha se transforme em cavalo. E logo o João (assim se chama o rapaz) "achou-se escarranchado no feixe". No caminho passa pelo castelo e, vendo a princesa à janela, logo deseja que lhe apareça um inchaço nas costas que só ele seja capaz de curar. (Era mesmo idiota! Quem se lembraria de uma coisa destas?). Assim acontece, o rei promete a mão da filha a quem a curar, o moço vai lá mas o rei decide testar o "curandeiro". Pede-lhe, primeiro, que apareça à sua frente muito dinheiro e aparece!(João, vem aqui a casa, por favor, eu não te chamo idiota, mas faz a mesma magia, fazes?); depois pede-lhe para que se transforme num rapaz "bonitão e ajuizado" (bonitões dispensamos, mas se puderes pôr juízo em algumas cabeças, agradecíamos também) e, vendo que o rapaz é mesmo poderoso, permite que o João cure a princesa e se case com ela (desconfiado, o rei, não?). E pronto! Mais uma vez não há ninguém enterrado vivo e ninguém leva uma tareia de caixão à cova. Estão a perder qualidades, estes contos.

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