sábado, 6 de julho de 2013

O rapaz do cavalinho branco

Este é o número três desta fantástica coleção "Formiguinha" que, não sabendo eu que tem décadas, diria que tinha sido escrita hoje. Isto porquê? Já vão perceber. Esta é a história do feiticeiro Barba-Vermelha (podia ser barba de outra cor qualquer pois, como é do conhecimento geral, os desenhos do interior são a preto) e do seu sobrinho Martinho. O velho vai fazer uma viagem e entrega ao sobrinho duas pesadas chaves, de duas portas (porque é que tudo, nos últimos dias, leva a portas?) e diz ao garoto para não as abrir, caso contrário, mata-o. O velho não leva as chaves consigo, porque são muito pesadas. Primeira pergunta: o velho não é feiticeiro? Não podia transformar as chaves pesadas em chaves leves ou até em rolhas de cortiça, ou noutra cena qualquer?
Continuando: o puto, mal o velho vira costas, é claro que vai logo abrir uma porta. Aparece-lhe um lobo e ele fica aterrorizado, fechando a porta de seguida. O que o puto não estava à espera era que aparecesse o tio, irritadíssimo com a desobediência. (O velho não consegue transformar as chaves noutra coisa, mas consegue voar de um sítio para o outro. Bem se diz, cada um é para o que nasce). O feiticeiro tem pena do sobrinho e perdoa-lhe a desobediência. O puto, não satisfeito com a primeira alhada, logo se mete na segunda e abre a outra porta. Aparece-lhe um cavalo branco e, claro está, o tio. O cavalo diz ao miúdo para pegar num ramo, numa pedra e em areia e saltar para cima dele (isto também me lembra alguém mas, de momento, não estou a ver quem). O miúdo assim faz e, enquanto o tio corre atrás dos dois, o puto larga o ramo e logo surge uma densa floresta; depois a pedra e surgem montanhas e depois a areia e surge um mar revolto. Resumindo: o cavalo é muito melhor feiticeiro que o Barba-Vermelha, é pena não vir o seu contacto telefónico no final do livro.
Tudo termina com a chegada do miúdo a uma aldeia onde todos choram o rapto da princesa, por um gigante. O Martinho recorre mais uma vez ao cavalo para ir salvar a princesa, salva-a; ainda volta à ilha porque a fulana tinha perdido o anel que a fada madrinha lhe tinha dado (exigentes, estas mulheres, bolas!) e acaba por casar com ela. Confesso que não percebo muito bem o final mas, como tinha dito, parece-me uma boca para um certo político da nossa praça: "esta (a princesa) lembrou ao pai que palavra de rei não volta atrás". Pois. Palavra de rei é irrevogável. Até voltar atrás. Durmam bem.

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